O que fui? Fui as lembranças que
tenho hoje de ouvir a minha mãe a contar histórias que normalmente já sabia de
cor; contudo, ouvia sempre como uma canção
de embalar até adormecer; de imaginar inúmeras aventuras, cenários, histórias
com simples pedaços de plástico e metal com quatro rodas que me entretinham por
horas naquele mundo só meu; dos Verões passados na casa dos meus avós, repletos
daquelas coisas que por mais banais só os avós proporcionam, aquele conforto e
carinho; as idas à praia com os meus pais, em que todos os grãos de areia se
tornavam no maior parque de diversões; o simples cheiro a torradas pela manhã,
evidenciando que a minha mãe tinha alcançado o feito de acordar ainda mais cedo
que eu, fazia-me pairar até à cozinha de braços abertos antecipando aquele
abraço tão doce... O jeito de como tudo era tão simples, e o mais simples me
fazia tão feliz...
E são, como estas, as fotografias soltas de um grande álbum que se vêm revelando na minha memória recordando-me da infância que, na verdade, nunca conseguirei conhecer. Contudo conheço aquilo que marcou aqueles tempos em que não só a memória mas o coração me dizem que fui feliz.
André César, 12º A
1 comentário:
César
Ainda não agradecera o teu contributo.
Para além do reconhecimento devido pela partilha das vossas memórias, quero agradecer-te um texto cheio de ritmo, de marcas sensoriais, com pequenas janelas luminosas para esse passado. Resulta muitíssimo bem, enquanto texto.
...Quero já ir comer torradas (fruto do poder evocativo das palavras!)
NS
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