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16 novembro 2017

Álvaro de Campos - modernismo/ futurismo



Álvaro de Campos é  engenheiro naval e viajante, criado por F. Pessoa como «vanguardista e cosmopolita»,  particularmente nos poemas em que - à maneira futurista (embora com intrusão de outros elementos distantes do futurismo) - exalta a civilização moderna 

Enquanto cantor do mundo moderno, o poeta procura “sentir tudo de todas as maneiras”: a força explosiva dos mecanismos, a velocidade, a vertigem.

“Poeta da modernidade”, dum mundo belo e desamparado, Álvaro de Campos tanto celebra a civilização industrial e mecânica, chamando a atenção para «a beleza disto» como expressa o desencanto, o tédio, o «spleen» do quotidiano urbano-industrial.

A linguagem e estilo poético
No caso de Fernando Pessoa/Álvaro de Campos, encontramos as marcas seguintes:


Formas poéticas e mancha gráfica 

Ø Formas livres ou adoção livre de formas clássicas, como a Ode

Métrica: Verso longo, por vezes de várias linhas, o que imprime um ritmo e cadência frenético, excessivo

Rima: Verso branco ou solto
 Versos inteiros de onomatopeias, interjeições ou caracteres tipográficos diversos, em jogo gráfico... “EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH

Linguagem


Ø Vocabulário prosaico, ligado aos o quotidiano industrial, urbano, da civilização moderna: lâmpadas elétricas, êmbolos, correias de transmissão, guindastes, carvão; ranger, girar, ferrear  

Ø Versos inteiros constituídos por enumerações de objetos: “Galdropes, escotilhas, caldeiras, coletores, válvulas

Ø Recursos expressivos fundamentais para traduzir as imagens, os ruídos, o movimento, o “excesso de sensações” da vida contemporânea:
Ø Descrições ligadas aos sentidos/às sensações (SENSACIONISMO) - Visão, Audição, Gosto, Olfato, Tato

Ø Reiterações e Anáforas – para expressar a mecanização, a repetição; para acentuar uma cadência/ritmo mecânico

Ø Onomatopeias e Aliterações – sobretudo para traduzir os ruídos, as dinâmicas da maquinaria – “Z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z!”; “...trópicos humanos de ferro e fogo e força”

Ø Interjeições – “Eh-lá-hô”, “Ah”, “Hup lá” – associadas à ideia do canto/da ode, da exaltação deste novo mundo


imagem do filme Metropolis (1912)


Ø Imagens/metáforas/comparações arrojadas – associadas ao envolvimento do sujeito na voragem do mundo moderno: “Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime”

Ø Enumerações, gradações e polissíndetos – associados ao excesso, à vertigem, à loucura, aos caos organizado da urbe moderna

Ø Enumerações – “Ó fazendas nas montras! (...) ó últimos figurinos!/ Ó artigos inúteis” 

Ø Gradações – “Eh, cimento armado, beton de cimento, novos processos”

Ø Polissíndetos - “Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes"


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