Álvaro de Campos é engenheiro naval e viajante, criado por F. Pessoa como «vanguardista e cosmopolita», particularmente nos poemas em que - à maneira futurista (embora com intrusão de outros elementos distantes do futurismo) - exalta a civilização moderna
Enquanto cantor do mundo moderno, o poeta procura “sentir tudo de todas as maneiras”: a força explosiva dos mecanismos, a velocidade, a vertigem.
Enquanto cantor do mundo moderno, o poeta procura “sentir tudo de todas as maneiras”: a força explosiva dos mecanismos, a velocidade, a vertigem.
“Poeta da modernidade”, dum mundo belo e desamparado, Álvaro de Campos tanto celebra a civilização industrial e mecânica, chamando a atenção para «a beleza disto» como expressa o desencanto, o tédio, o «spleen» do quotidiano urbano-industrial.
A linguagem
e estilo poético
No caso de Fernando Pessoa/Álvaro de Campos, encontramos as marcas seguintes:
No caso de Fernando Pessoa/Álvaro de Campos, encontramos as marcas seguintes:
Formas poéticas e mancha
gráfica
Ø Formas livres ou adoção livre de
formas clássicas, como a Ode
Métrica: Verso longo, por vezes de várias
linhas, o que imprime um ritmo e cadência frenético, excessivo
Rima: Verso branco ou solto
Versos
inteiros de onomatopeias, interjeições ou caracteres tipográficos diversos, em
jogo gráfico... “EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH
Linguagem
Ø Vocabulário prosaico, ligado aos o quotidiano industrial, urbano, da civilização moderna: lâmpadas elétricas, êmbolos, correias de transmissão, guindastes, carvão; ranger, girar, ferrear
Ø Versos inteiros constituídos por
enumerações de objetos: “Galdropes, escotilhas, caldeiras, coletores,
válvulas”
Ø Recursos
expressivos fundamentais para traduzir as imagens, os ruídos, o movimento, o
“excesso de sensações” da vida contemporânea:
Ø Descrições ligadas aos sentidos/às
sensações (SENSACIONISMO) - Visão, Audição, Gosto, Olfato, Tato
Ø Reiterações e Anáforas – para
expressar a mecanização, a repetição; para acentuar uma cadência/ritmo mecânico
Ø Onomatopeias e Aliterações –
sobretudo para traduzir os ruídos, as dinâmicas da maquinaria –
“Z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z!”; “...trópicos humanos de ferro e fogo e força”
Ø Interjeições –
“Eh-lá-hô”, “Ah”, “Hup lá” – associadas à ideia do canto/da ode, da exaltação
deste novo mundo
imagem do filme Metropolis (1912)
Ø Imagens/metáforas/comparações arrojadas – associadas ao envolvimento do sujeito na voragem do mundo moderno: “Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime”
Ø Enumerações, gradações e
polissíndetos – associados ao excesso, à vertigem, à loucura, aos
caos organizado da urbe moderna
Ø Enumerações – “Ó
fazendas nas montras! (...) ó últimos figurinos!/ Ó artigos inúteis”
Ø Gradações – “Eh,
cimento armado, beton de cimento, novos processos”
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