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02 novembro 2017

Fernando Pessoa e eu - outrora agora 13


    Lembro-me de ele me acompanhar todas as noites, todas as longas viagens, mas muito do que me lembro foram os meus pais que me contaram.
    'Ele' é o meu cão de peluche, considerado de porte pequeno, todo castanho com a barriga branca. Quem mo ofereceu foram os meus avós de coração. São de coração devido a que desde sempre os tratei assim pois foram eles que cuidavam de mim e como não tinha avós de sangue, eram eles os meus avós. Conta-me a minha mãe que eles mo ofereceram após eu ter tido alta no hospital, pois estava internada duas semanas com meningite pneumocócica, tudo como apenas 2 anos de idade.
    Não só a minha mãe me diz, como também a minha avó que andava sempre que podia com o cão atrás, desde as longas viagens de carro até às longas viagens de aventuras e sonhos. Eu considerava-o um cão normal, pois até o colocava ao lado do Gaspar, o cão dos meus avós, e como gostava tanto dos dois e fizeram parte do meu crescimento, penso que tenha sido por isso que ganhei um amor imenso por cães. Nunca me lembro de lhe ter dado um nome, era sempre "o cão que os avós me deram".
   Ao longo da infância muitos outros peluches recebi, mas aquele era o que me sempre acompanhava, principalmente à noite, em que adormecia agarrada a ele. Era o meu companheiro, sendo de problemas também, tal como quando estava doente e essencialmente na época em que me era difícil adormecer; ele estava lá sempre presente (...)
   Os anos foram passando e eu fui crescendo, mas ele não deixava de ser o meu companheiro, até ao dia em que cresci e decidi que não queria mais dormir com ele, já me achava muito grande para dormir com peluches, portanto ele apenas ficava em cima da cama um pouco de lado.
    A minha mãe já estava cansada de estar sempre a arrumar os peluches e então decidiu colocá-los todos no sótão, incluindo-o a ele. Na altura não me fez diferença, já não lhe dava atenção. Até ao dia em que comecei a caminhada diferente, uma caminhada de despedida, misturada com esperanças e lembranças.
   Essa caminhada foi a mais difícil de todas, principalmente quando já estávamos a chegar à reta final, em que só restava lembrar as boas memórias, as trocas de afeto e carinho e tudo o mais, lembrando me assim do "cão que os meus avós me deram", fazendo me recordar não só das memórias com o meu avô, mas também das minhas memórias de infância e de  tudo aquilo em que esse peluche me acompanhou, na grande caminhada do meu crescimento, desde os 2 anos até ao dia em que infelizmente o deixei de lado.
 Sofia Reis, 12º B

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