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26 outubro 2023

Fernando Pessoa, Como é por dentro outra pessoa

Como é por dentro outra pessoa

Como é por dentro outra pessoa

Quem é que o saberá sonhar?

A alma de outrem é outro universo

Com que não há comunicação possível,

Com que não há verdadeiro entendimento.

 

Nada sabemos da alma

Senão da nossa;

As dos outros são olhares,

São gestos, são palavras,

Com a suposição de qualquer semelhança

No fundo.

 
1934

Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).

 

Imagem: pintura de René Magritte, O Filho do Homem (1964)

 Magritte era basicamente um pintor de ideias, um pintor de pensamentos visíveis, mais do que de assuntos. (Marcel Paquet)

Magritte acreditava que o pensamento consciente é que conduz a uma ideia, e a ideia é o que importa na pintura. (Stephen Farthing)

Fernando Pessoa e eu: outrora agora (desafio)

 ao colo da mãe
 ainda bebé
 com dois anos e meio
com seis anos
 aos 10 anos
 aos 13 anos
 aos 16 anos
 aos 17 anos

Pobre velha música!
Não sei porque agrado,
Enche-se de lágrimas
Meu olhar parado.

Recordo outro ouvir-te.
Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.

Com que ânsia tão raiva
Quero aquele outrora!
E eu era feliz? Não sei:
Fui-o outrora agora.
s. d.
Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.)
 Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). - 96.1ª publ. in Athena, nº 3. Lisboa: Dez. 1924.
Quando as crianças brincam
E eu as oiço brincar,
Qualquer coisa em minha alma
Começa a se alegrar.

E toda aquela infância
Que não tive me vem,
Numa onda de alegria
Que não foi de ninguém.

Se quem fui é enigma,
E quem serei visão,
Quem sou ao menos sinta
Isto no coração.
5-9-1933
Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) 
Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). - 166.
Ver imagens de Fernando Pessoa e da sua família 
Trabalho de memória, de reflexão e de escrita - uma ponte para a infância (a de cada um, a nossa, a de Fernando Pessoa...)-

Fernando Pessoa

Nostalgia da Infância
 Identidade fragmentada, por achar

Viagem, dispersão

aqui outros poemas de Fernando Pessoa.

A nível temático e de motivos poéticos há elementos recorrentes, que atravessam muitos dos poemas e marcam o conjunto da poesia ortónima:

 
Multiplicidade do "eu"/Identidade fragmentária: buscar a unidade na diversidade ** 
Consciência do absurdo da existência
** 
Tensão entre pares dicotómicos: sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência, sonho/realidade; sentir/pensar, pensamento/vontade, esperança/desilusão
**  
Anti-sentimentalismo: intelectualização da emoção 
- "Tudo o que em mim sente/'stá pensando"; "Sentir?/Sinta quem lê!"
** 
Estados associados à "dor de viver", à inquietação metafísica: 
- solidão, 
- tédio, 
- angústia, 
- cansaço, 
- cepticismo.
**
*O 'vício' da auto-análise - o olhar para dentro; o "eu" como espectador consciente de si próprio
**
*A nostalgia da infância, como tempo irrecuperável, paraíso perdido.


Marcas da escrita
Elementos formais tradicionais: 
  •  verso geralmente curto (2 a 7 sílabas métricas), 
  • musicalidade - aliterações, transportes (dum verso para outro ou de uma estrofe para seguinte), rimas, ritmo, bem como o predomínio da quadra e da quintilha, revelam a fidelidade formal à tradição poética portuguesa
  •  predomínio de elementos formais tradicionais (verso curto; rima; proximidade, por vezes, da quadra popular ou da canção de embalar)  num conjunto de poemas que tencionava publicar sob o título de Cancioneiro, os quais se inserem numa tradição lírica com origem nos Cancioneiros Primitivos.

Linguagem aparentemente simples, mas muito expressiva, extraindo novos sentidos de vocabulário vulgar, ou alterando a sintaxe dos verbos, por ex. transformando em transitivo um verbo intransitivo; uso frequente de frases nominais; predomínio da ordem directa. Emprego criativo e expressivo dos vários tempos verbais.

Comparações, metáforas invulgares - Meu coração é um pórtico partido, antítese (expressão de opostos) e oxímoros (vários paradoxos – pôr lado a lado duas realidades completamente contraditórias ).

Uso de símbolos, por vezes tradicionais:  a água, o rio, o mar/as ondas, o vento, a brisa, a fonte, as rosas, o azul.



O principal são os próprios poemas. Leiam muitos, para apanharem permanências, continuidades, temáticas comuns.

Quem não fez ou não completou, faça os exercícios do Manual.


Ainda assim, ficam:
Antologia Crítica
Para Fernando Pessoa, recordar não é reviver, é apenas verificar com dor que fomos outra coisa cuja realidade essencial não nos é permitido recuperar. Vimos da sombra e vamos para a sombra. Só o presente é nosso, mas que é o presente senão a linha ideal que separa o passado do futuro? Assim toda a vida é fragmentária, a personalidade una é uma ilusão, não podemos apreender em nós uma constante que nos identifique. O sentimento (...) da transitoriedade das coisas conduz à negação do eu. Viver no tempo é depararmo-nos com o vazio de nós próprios: «Quem me dirá quem sou?» (…)
[Jacinto do Prado Coelho, Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa, Editorial Verbo, 1979, Ser e Conhecer-se, pág. 89]

(…) Ele tinha o seu laboratório de linguagem. Estava consciente disso, e espantava-se e maravilhava-se como se tudo se passasse fora dele. «No lado de fora de dentro», como ele próprio diria. Porque era realmente dentro dele que se produzia a obra, que se aceleravam os mecanismos que acompanham a produção de palavras, de metáforas, de versos, de poemas, de odes inteiras.
Observava-se, examinava atentamente o trabalho rigoroso do poeta, as transformações sofridas por essa matéria-prima (as sensações) de que emergia a linguagem. 
[José Gil, Fernando Pessoa ou a Metafísica das Sensações, Relógio d’Água, 1996, O Laboratório Poético, pág. 9]

Sugestões interpretativas 
"Símbolo do rio: divisão, separação, fluir da vida – percurso da vida; é a imagem permanente da divisão e evidencia a incapacidade de alterar essa situação (o rio corre sem fim – efemeridade da vida); no presente, tal como no passado e no futuro (fatalidade), o eu está condenado à divisão porque condenado ao pensamento (se fosse inconsciente não pensava e por isso não havia possibilidade de haver divisão); tristeza, angústia por não poder fazer nada em relação à divisão que há dentro de si; metáfora da casa como a vida: o seu eu é uma casa com várias divisões – fragmentação."
"Exprime um tensão entre o apelo do sonho (caracterizado pela tranquilidade, sossego, serenidade e afastamento) e o peso da realidade; a realidade fica sempre aquém do sonho e mesmo no sonho o mal permanece – [o que conduz à] frustração; conclui que a felicidade, a cura da dor de viver, de pensar, não se encontra no exterior mas no interior de cada um."

"Na primeira estrofe, o sujeito poético realça a temática da infância que não é mais do que um paraíso perdido. Isto faz com que apresente sentimentos de angústia e nostalgia (quando ouve a música, lembra-se do passado em que também a ouvia, e chora com saudades desse tempo). No primeiro verso desta estrofe, encontramos uma dupla adjetivação anteposta (“Pobre velha música!” – a infância já está longe).
A segunda estrofe é iniciada com a recordação de tempos passados, onde ouvia a música com outros sentimentos.
Na terceira estrofe, o poeta revela o desejo de regressar ao passado. [Mas é duvidoso ou hipotético que esse tenha sido um tempo de felicidade. Na realidade só existe o presente - por isso a ideia da infância é um «outrora-agora»] São utilizadas exclamações e interrogações emotivas, às quais se segue um oxímoro que traduz novamente a dúvida acerca do passado. O último verso “Fui-o outrora agora.” simboliza a fusão entre o passado e o presente."
Consultar FONTE das 'Sugestões interpretativas'

Fernado Pessoa - Um quarto com muitas portas!

"Sê plural como o universo!
Pessoa inventou muitas pessoas

Fernando Pessoa procura através da fragmentação do “eu” a totalidade. 

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim 
todos os sonhos do mundo."
 
 
"Sinto-me múltiploSou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única central realidade que não está em nenhum e está em todos."

A tensão entre o material e o sonho, o real e o ideal, entre querer e fazer surge como tentativa para encontrar a unidade entre a experiência sensível e a inteligência.

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Depois de teres lido os poemas ortónimos sobre a temática da infância, ouve agora o 
poema "Aniversário", do heterónimo Álvaro de Campos (poema dito pelo ator brasileiro Paulo Autran) , para perceber de que modo a criança "de outrora de hoje" atravessa vários poemas e poetas - ortónimo, heterónimos.


Outros sítios com os textos, elementos biográficos e/ou iconografia de Fernando Pessoa:
 
A obra de Fernando Pessoa (na Biblioteca Nacional)
 
Instituto Camões (língua, cultura e literatura portuguesas)

25 outubro 2023

Fernando Pessoa, "Às vezes, em sonho triste"

Aqui fica mais um poema. Digam lá se não é bonito?

                 

                                        Às vezes, em sonho triste

Nos meus desejos existe

Longinquamente um país

Onde ser feliz consiste

Apenas em ser feliz.

 

Vive-se como se nasce

Sem o querer nem saber.

Nessa ilusão de viver

O tempo morre e renasce

Sem que o sintamos correr.

 

O sentir e o desejar

São banidos dessa terra.

O amor não é amor

Nesse país por onde erra

Meu longínquo divagar.

 

Nem se sonha nem se vive:

É uma infância sem fim.

Parece que se revive

Tão suave é viver assim

Nesse impossível jardim.

21-11-1909 

Fernando Pessoa[1]



[1] Novas Poesias Inéditas. Fernando Pessoa. (Direção, recolha e notas de Maria do Rosário Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno.) Lisboa: Ática, 1973 (4ª ed. 1993).

«…o sonho é muitas vezes, para Fernando Pessoa, uma compensação para a realidade amarga e hostil (…). 
Perante a realidade decepcionante, o sonho aparece como o único caminho; uma forma de evasão, de esquecimento. (…)Maria Vitalina Leal de Matos, A Vivência do Tempo em Fernando Pessoa.


Mas há na poesia de F. Pessoa outras formas de evasão... Quem diz sonho, diz sono, diz viagem... Formas de esquecimento, de procura de leveza - canto de ave, ou voo, ou canção.


20 outubro 2023

Os Lusíadas e Mensagem

 Como combinado, fica a revisão de  
Os Lusíadas e alguns tópicos da relação com Mensagem.
 















Os Lusíadas e Mensagem (textos de apoio)


Aqui ficam algumas passagens selecionadas dos  textos de apoio sobre o diálogo de Mensagem com Os Lusíadas :


“Tanto Camões como Pessoa, cantores da pátria, são poetas da ausência. Poetas do que foi ou do que poderá vir a ser.
Mas as situações divergem (…).  No Camões épico predomina o elemento viril - a viagem, a aventura, o risco. (….) Homem de acção, e não só de inteligência, Camões ainda conheceu o império no concreto da sua grandeza e das suas misérias, era-lhe fácil ainda ter esperança, o D. Sebastião a quem se dirige é um jovem de carne e osso, vale a pena mostrar-se, exibir os seus préstimos, para que o Rei o distinga, confie nele, se lance na conquista do Norte de África levando-o consigo. Outro império terreno ainda parece possível, «como a pressaga mente vaticina», o próprio Velho do Restelo sanciona a aventura, e Camões prepara-se para cantar a nova empresa.
O D. Sebastião da Mensagem, elaborado longamente pelo sebastianismo e pela humilhação, esse é o Encoberto, o Desejado, uma sombra, um mito. Pessoa sobrevive na aridez dos «dias vácuos», já lhe faltam razões para acreditar, o seu desejo está no limite, calcinado pela espera de quatro séculos. (…) O seu enorme anseio tornou-se insuportável, só pela palavra poética ilude o silêncio, o vazio.
Em Camões, põem-se no mesmo plano a memória e a esperança. Em Pessoa, não, porque o objecto da esperança se transferiu para o sonho, a utopia, e daí uma concepção diferente de heroísmo. Pessoa identifica-se com os heróis da Mensagem, ou neles se desdobra, num processo lírico-dramático. O amor da pátria converte-se numa atitude metafísica definível pela decepção do real, pelo anelo absoluto, por uma loucura consciente, pela busca do que não existe, pela demanda que só tem finalidade em si própria, porque atingir é estagnar, ser vencido. Esta, na Mensagem, a lição do Encoberto.
Revivendo a fé no Quinto Império, Pessoa inventou uma razão de ser, um destino, fugindo à angústia dum quotidiano absurdo, genialmente expresso por ele e por Álvaro de Campos [um dos seus heterónimos].
Os Lusíadas [são], pela forma, que não só pela substância, uma epopeia clássica, narração onde se enlaçam a viagem de Vasco da Gama, a comédia dos deuses e a História de Portugal, mediante alternâncias e discursos dentro do discurso, uns retrospectivos, outros prospectivos, enquanto a Mensagem integra (…) 44 poesias breves, datadas de várias épocas e arrumadas em três partes principais: «Brasão», «Mar Português» e «O Encoberto». A primeira e a terceira partes ainda estão subdivididas: a primeira em «Os Campos», «Os Castelos», «As Quinas», «A Coroa» e «O Timbre», reproduzindo assim os elementos da bandeira nacional; a terceira os «Símbolos», «Os Avisos» e «Os Tempos». [É uma] arquitetura de sentido ocultista, [com um] carácter menos narrativo e mais interpretativo, mais cerebral, que Os Lusíadas.

Os heróis da galeria da Mensagem funcionam como símbolos, elos duma trajectória cujo sentido Pessoa se propõe desvelar até onde o permite o olhar visionário. O assunto da Mensagem não são os portugueses ou eventos concretos, mas a essência de Portugal e a sua missão por cumprir. 

A atitude típica dos heróis da Mensagem é contemplativa e expectante: olham o indefinido, concentram-se na febre do além que o poeta encarna nos versos admiráveis de «A Noite»: «Com fixos olhos rasos de ânsia / Fitando a proibida azul distância». Depressa esta atitude significa uma ânsia metafísica, a busca duma Índia que não há. A primeira grande missão cometida por Deus a Portugal, desvendar o mundo, chegou ao seu termo: «Cumpriu-se o mar, e o Império se desfez» - diz Pessoa em «O Infante». Então qual o destino nacional que vem anunciar? Que sentido tem o verso «Senhor, falta cumprir-se Portugal»? A inspiração da Mensagem, como foi lembrado, é ocultista, e o Império entrevisto no futuro uma aventura do espírito, viagem sem fronteiras ou limitações movida pelo amor do diverso e uma constante inquietação. Quando muito (a fala sibilina deixa supô-lo) um império da língua portuguesa, superior por natureza ao império terreno, «obscuro e carnal anterremedo» que o tempo destruiu. Na terceira parte do livro, o lema «Pax in excelsis» e a despedida, «Valete, Fratres», sugerem um projeto de fraternidade universal entre os homens. Talvez o que se aponta seja, na verdade, a utopia (…).”

http://ensina.rtp.pt/artigo/infante-d-henrique-3/
(carrega na imagem)

Coelho, Jacinto do Prado, in ACTAS DO 1º CONGRESSO INTERNACIONAL DE ESTUDOS PESSOANOS, Brasília Editora - Centro de Estudos Pessoanos, Porto, 1978, disponível em Farol das Letras, http://faroldasletras.no.sapo.pt/mensagem_textos_teoricos.htm, consultado em 12 de novembro de 2011.


19 outubro 2023


 

A ÚLTIMA NAU

 

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,

E erguendo, como um nome, alto o pendão

Do Império,

Foi-se a última nau, ao sol aziago

Erma, e entre choros de ânsia e de pressago

Mistério.

 

Não voltou mais. A que ilha indescoberta

Aportou? Voltará da sorte incerta

Que teve?

Deus guarda o corpo e a forma do futuro,

Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro

E breve.

 

Ah, quanto mais ao povo a alma falta,

Mais a minha alma atlântica se exalta

E entorna,

E em mim, num mar que não tem tempo ou espaço.

Vejo entre a cerração teu vulto baço

Que torna.

 

Não sei a hora, mas sei que há a hora,

Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora

Mistério.

Surges ao sol em mim, e a névoa finda:

A mesma, e trazes o pendão ainda

Do Império.

 

s.d.

"A última nau" situa-se  na segunda parte de Mensagem, relacionando a época dos descobrimentos com a partida da nau que levava El- Rei D. Sebastião denominada última nau. O título refere-se à nau que levou D. Sebastião para que este cumprisse o império (do povo português). Ou seja, era a última esperança.

O tema central deste poema é D. Sebastião e a nau que o levou para a guerra levando com ela a única esperança que a nação tinha. Percebe-se que o “eu” poético fala de uma partida que já está condenada com as palavras “aziago”- desgraça; “Erma”- solidão e “pressago”- previsão. Também é enunciado o mito sebastianista, com o misterioso desaparecimento da nau que leva El- Rei D. Sebastião.

Na segunda estrofe é relacionada a morte de D. Sebastião com a impossibilidade de se concretizar o império. O poeta também se questiona sobre o que o futuro trará. Para combater a falta de esperança do povo, o poeta mete toda a sua fé no mito sebastianista crendo que este um dia irá voltar. Na terceira e quarta estrofes, o sujeito poético mostra-se esperançoso e convicto na volta do rei, porém não sabe quando. E com o regresso de D. Sebastião, regressa também a determinação para a construção de um império universal.

Podemos relacionar este poema com Os Lusíadas, mais concretamente a 6ª estrofe do canto I pertencente à dedicatória.Tinham, todavia, passado 362 anos entre a publicação de Os Lusíadas (1572) e a publicação de Mensagem (1934).

N' Os Lusíadas é referido [...] D. Sebastião, a quem Camões dedica a obra,  garante da “Lusitana antiga liberdade”, é a base dos bons valores nacionais, monarca poderoso, prestigiado por Deus.

No poema existem várias referências ao mito de D. Sebastião, começando pela primeira estrofe, onde é referida “entre choros de ânsia e de presságio/ Mistério”, estes versos contam a ida do rei naquela nau. Também com a expressão “ Não voltou mais”, presente no início da segunda estrofe, realça-se a ideia do desconhecimento do paradeiro do rei, levando o “eu” poético a questionar-se.[...]

Os recursos expressivos existentes neste poema são a comparação presente no segundo verso da primeira estrofe, onde é comparado o nome do império com o “alto pendão”; Já no quinto verso da segunda estrofe, estamos na presença de uma antítese, contrastando a ideia de “luz” com a de escuridão.

Este poema é constituído por quatro sextilhas; os versos apresentam uma rima consoante, distribuídas de forma emparelhada e interpolada.

Concluindo, o poema “A Última Nau” enquadra-se nesta parte da obra pois é relacionada com os descobrimentos, época muito importante para a história da nação portuguesa, pois fala da altura em que D. Sebastião partiu com o objetivo de aumentar o império português. Representando assim, o espírito de determinação, de vontade e de esperança do povo português.

(Trabalho realizado por Catarina Vieira e Otávio Domingues; ex-12°A).