Os dias que não me recordo como começavam, mas de que gravava o final, eram os
meus favoritos. Esses eram os dias que iam diretamente para a caixa das
memórias, os inesquecíveis. Falo dos dias não programados, que apenas
aconteciam.
Recordo-me de episódios como se tivessem acontecido ainda hoje de manhã.
Recordo-me de episódios como se tivessem acontecido ainda hoje de manhã.
Recordo-me de os meus avós me irem buscar à escola e do
meu avô me entregar, sorrateiramente, a caixinha de papel branca da
pastelaria, que tanto irritava a minha avó.
Recordo-me de chegar a casa,
depois de um dia de escola, ainda com o sol a bater bem forte nas
janelas da sala e de ir lavar os dentes antes do lanche, porque adorava a
sensação de comer pêra aos cubos com os dentes lavados.
Recordo-me, no
final de um grande dia de praia, de comer pão acabado de fazer, ainda
quente com a manteiga a derreter, enquanto via o sol descer.
Recordo-me
de me ir deitar, com uns trinta e sete peluches à volta da minha
almofada e, mesmo antes de adormecer, despedir-me individualmente de
cada um, para nenhum achar que eu tinha preferidos...
Não digo que a
minha infância foi a melhor, para isso teria de me lembrar de mais do
que uns simples episódios com imagens rápidas e desfocadas, mas foi a
que eu teria escolhido.
Carolina Moço 12°B| 02 novembro, 2017 11:53
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