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02 novembro 2017

Ferando Pessoa e eu - outrora agora 4

A CAIXA DAS MEMÓRIAS INESQUECÍVEIS
Os dias que não me recordo como começavam, mas de que gravava o final, eram os meus favoritos. Esses eram os dias que iam diretamente para a caixa das memórias, os inesquecíveis. Falo dos dias não programados, que apenas aconteciam.
Recordo-me de episódios como se tivessem acontecido ainda hoje de manhã. 
Recordo-me de os meus avós me irem buscar à escola e do meu avô me entregar, sorrateiramente, a caixinha de papel branca da pastelaria, que tanto irritava a minha avó.
Recordo-me de chegar a casa, depois de um dia de escola, ainda com o sol a bater bem forte nas janelas da sala e de ir lavar os dentes antes do lanche, porque adorava a sensação de comer pêra aos cubos com os dentes lavados.
Recordo-me, no final de um grande dia de praia, de comer pão acabado de fazer, ainda quente com a manteiga a derreter, enquanto via o sol descer.
Recordo-me de me ir deitar, com uns trinta e sete peluches à volta da minha almofada e, mesmo antes de adormecer, despedir-me individualmente de cada um, para nenhum achar que eu tinha preferidos...
 
Não digo que a minha infância foi a melhor, para isso teria de me lembrar de mais do que uns simples episódios com imagens rápidas e desfocadas, mas foi a que eu teria escolhido.
Carolina Moço 12°B| 02 novembro, 2017 11:53


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