"Desejo ser
um criador de mitos" (Fernando Pessoa)
A Mensagem poderá
ser vista como uma epopeia, porque parte de um núcleo histórico, mas a sua
formulação [é] simbólica e mítica [...]. [A] ação dos heróis só adquire
pleno significado dentro de uma referência mitológica. (Dalila L. Pereira da
Costa)
Brasões de armas da Ínclita Geração - epíteto dado aos filhos do rei João I e de Filipa de Lencastre (sécs. XIV-XV)
MENSAGEM
PARTE I
No «Brasão», o poeta apresenta-nos, sob a forma de dramatis personae (personagens dramáticas), os heróis fundadores da nacionalidade.
A
cada um corresponde um obreiro da nacionalidade: «Ulisses» é o mítico
fundador de Lisboa; «Viriato», o quase tão mítico chefe dos nossos
antepassados lusitanos; «O Conde D. Henrique» e D. Teresa («D. Tareja»),
condes portucalenses, são pré-fundadores de Portugal; «D. Afonso
Henriques» é o primeiro rei; e «D. Dinis» é, para além do «plantador das
naus a haver», a primeira grande figura da literatura portuguesa. Os
fundadores da dinastia d’Avis, obreira dos Descobrimentos («D. João, o
Primeiro» e «D. Filipa de Lencastre»)
Seguem-se «As Quinas»,
que simbolizam nas armas nacionais as chagas de Jesus. Segundo uma
lenda medieval, foi o próprio Cristo que, momentos antes da batalha de
Ourique, as ofereceu para a heráldica nacional ao nosso primeiro rei. Os
heróis consagrados nas «Quinas» (D. Duarte, D. Fernando, D. Pedro, D.
João, todos os filhos de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, e D.
Sebastião) são reis e infantes mártires, que - traduzindo uma grandeza
não menos evidente do que a dos heróis positivos dos «Castelos» - nos
dão, com o seu fracasso ou o seu sangue, a face dolorosa da história de
Portugal.
Para a «Coroa»,
o escolhido foi o Condestável D. Nuno Álvares Pereira, [qual]
cavaleiro da Távola Redonda, predestinado para empunhar a espada
Excalibur e descobrir o Santo Graal. E para o «Timbre», o
misterioso grifo (simbiose da águia e do leão) (...) os eleitos são três
figuras cimeiras da expansão portuguesa: «O Infante D. Henrique», «D.
João, o Segundo» e «Afonso de Albuquerque».
PARTE II
Nos 12 poemas de «Mar Português»,
historia-se e mitifica-se a saga das Descobertas. O primeiro herói
assinalado é (...) de novo o Infante D. Henrique. Seguem-se, com rigor
cronológico, os acontecimentos e protagonistas mais marcantes das
Descobertas. (...) Paralelamente, os Descobrimentos são também um
percurso iniciático, e, consequentemente, de autodescoberta. As
caravelas portuguesas, com a cruz da Ordem de Cristo (sucessora da dos
Templários em Portugal) inscrita nas velas, são «as naus da iniciação»
em busca dos «beijos merecidos da Verdade» (poema «Horizonte»), enquanto
«O Mostrengo» corporiza os perigos que o iniciado tem de enfrentar se
caminho para a verdade oculta.
Parte III
«O
Encoberto» remat[a] a arquitetura esotérica da Mensagem [e] constitui
também uma síntese de todo o livro, pois cada uma das três partes da
obra encontra aqui a sua correspondência. Em «Os Símbolos», o novo
«Brasão», inscreve Pessoa as cinco máscaras da utopia nacional («D.
Sebastião», «O Quinto Império», «O Desejado», «As Ilhas Afortunadas», «O
Encoberto»). (...) Em «Os Tempos» desvelam-se os sinais que anunciam a
proximidade de «O Encoberto», mito com que o poeta metaforiza a
regeneração cultural da nação portuguesa: «É a hora!»
António Apolinário Lourenço, «Mensagem», in Biblos - Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa, voI. III, Lisboa/S. Paulo, Verbo, 1999 (adaptado)
António Apolinário Lourenço, «Mensagem», in Biblos - Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa, voI. III, Lisboa/S. Paulo, Verbo, 1999 (adaptado)
GLOSSÁRIO
esotérico - hermético, obscuro; incomum, invulgar; pouco compreensível ao comum dos mortais; que é acessível, apenas, a um grupo restrito e fechado de pessoas.
Etimologia: do grego esoterikós. Dizia-se do ensino que, na antiguidade grega, se destinava a um grupo seleto, geralmente especializado, de discípulos.
Confrontar: exotérico, isotérico.
"esotérica", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/esot%C3%A9rica [consultado em 06-10-2020].Confrontar: exotérico, isotérico.
"esotérica", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/esot%C3%A9rica [consultado em 06-10-2020].
ouco compreensível pelo comum dos mortais.
=
HERMÉTICO, OBSCURO
"esotérica", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/esot%C3%A9rica [consultado em 06-10-2020].
"esotérica", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/esot%C3%A9rica [consultado em 06-10-2020].
2. Pouco compreensível pelo comum dos mortais. = HERMÉTICO, OBSCURO ≠ EXOTÉRICO
"esotérica", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/esot%C3%A9rica [consultado em 06-10-2020].
2. Pouco compreensível pelo comum dos mortais. = HERMÉTICO, OBSCURO ≠ EXOTÉRICO
"esotérica", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/esot%C3%A9rica [consultado em 06-10-2020].
desvelar - revelar; tirar o véu, descobrir, desvendar.
Vê ainda o significado especial de iniciação AQUI
Sem comentários:
Enviar um comentário