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25 novembro 2020

Fernando Pessoa - os heterónimos

Para fechar a questão da heteronímia, não esqueças de ver e sintetizar, no caderno, o Áudio e o Vídeo cujas ligações aqui ficam (p/ ENSINA RTP). 

Cada turma já conhece um deles, do Exercício de Compreensão do Oral. Agora é só sistematizar!

Fernando Pessoa: apresentação dos principais heterónimos

Fernando Pessoa: apresentação dos principais heterónimos

Fernando Pessoa e os seus heterónimos

Fernando Pessoa e os seus heterónimos

18 novembro 2020

Pessoa(s) - O Livro do Desassossego

 «Eu nunca fiz senão sonhar»

 Eu nunca fiz senão sonhar. Tem sido esse, e esse apenas, o sentido da minha vida. Nunca tive outra preocupação verdadeira senão a minha vida interior. As maiores dores da minha vida esbatem-se-me quando, abrindo a janela para a rua do meu sonho, esqueço a vista no seu movimento. (...) 

A minha mania de criar um mundo falso acompanha-me ainda, e só na minha morte me abandonará. Não alinho hoje nas minhas gavetas carros de linhas e peões de xadrez – com um bispo ou um cavalo acaso sobressaindo – mas tenho pena de o não fazer... e alinho na minha imaginação, confortavelmente, como quem no inverno se aquece a uma lareira, figuras que habitam, e são constantes e vivas, na minha vida interior. Tenho um mundo de amigos dentro de mim, com vidas próprias, reais, definidas e imperfeitas. 

Alguns passam dificuldades, outros têm uma vida boémia, pitoresca e humilde. Há outros que são caixeiros-viajantes (poder sonhar-me caixeiro-viajante foi sempre uma das minhas grandes ambições – irrealizável infelizmente!). Outros moram em aldeias e vilas lá para as fronteiras de um Portugal dentro de mim; vêm à cidade, onde por acaso os encontro e reconheço, abrindo-lhes os braços emotivamente... E quando sonho isto, passeando no meu quarto, falando alto, gesticulando... quando sonho isto, e me visiono encontrando-os, todo eu me alegro, me realizo, me pulo, brilham-me os olhos, abro os braços e tenho uma felicidade enorme, real, incomparável. (...) 

Há também as paisagens e as vidas que não foram inteiramente interiores. Certos quadros, sem subido relevo artístico, certas oleogravuras que havia em paredes com que convivi muitas horas – passaram a realidade dentro de mim. Aqui a sensação era outra, mais pungente e triste. Ardia-me não poder estar ali, quer eles fossem reais ou não. Não ser eu, ao menos, uma figura a mais desenhada ao pé daquele bosque, ao luar que havia numa pequena gravura dum quarto onde dormi já não em pequeno! Não poder eu pensar que estava ali oculto, no bosque à beira do rio, por aquele luar eterno (embora mal desenhado), vendo o homem que passa num barco por baixo do debruçar-se de um salgueiro! Aqui o não poder sonhar inteiramente doía-me. As feições da minha saudade eram outras. Os gestos do meu desespero eram diferentes. A impossibilidade que me torturava era de outra ordem de angústia. Ah, não ter tudo isto um sentido em Deus, uma realização conforme o espírito de meus desejos, não sei onde, por um tempo vertical, consubstanciado1 com a direção das minhas saudades e dos meus devaneios! Não haver, pelo menos só para mim, um paraíso feito disto!»

Bernardo Soares, Livro do Desassossego: composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa, (ed. Richard Zenith), 7.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, pp. 110-112

16 novembro 2020

Gramática - Revisões


Interrompemos as publicações dos textos, para lembrar as Revisões gramaticais - Voz Ativa>Voz Passiva AQUI!

10 novembro 2020

Fernando Pessoa e «eu» - memórias de infância: um livro e longas gargalhadas

Quando tinha 3 anos ia com este livro para todo o lado

Eu gostava tanto dele que decorei todas as páginas e punha-me a folheá-lo enquanto dizia o que estava escrito. 

Os meus pais dizem que quem me via com o livro pensava que eu sabia ler porque até mesmo saltando páginas eu acertava sempre no que estava escrito. 

Quando achei novamente este livro, há uns tempos, continuava a lembrar-me das músicas que a minha mãe fazia quando mo lia e das longas gargalhadas que dava na companhia deste livro.

Pedro D. 

Fernando Pessoa e «eu» - memórias de infância - A breve história de um carrinho de brincar

 A breve história de um carrinho de brincar

Lembro-me ... em pequeno, todos temos as nossas grandes paixões e sonhos. A minha? Carros. É uma paixão e uma admiração que tenho por eles desde pequeno e que ainda hoje perdura.
 

Tenho uma memória que me sabe muito bem lembrar de vez em quando, a memória de como começou a minha coleção de carros de hoje quase uma centena de miniaturas. Houve uma noite em que estávamos a jantar em família, lembro-me de alguém que tinha um carro novo e que a conversa dos carros veio ao de cima. No decorrer da conversa, ele falou-me em grandes eventos de carros: corridas, exposições, festivais, eventos desse género.

Bem... Devo ter andado quase um mês a chateá-lo para o convencer a irmos a um evento desses, na inocência de uma criança de simplesmente descobrir um mundo novo. Ele finalmente cedeu! Fomos a uma exposição de carros que costuma haver todos os anos em Lisboa. 

Lembro-me de chegar lá e ficar quase dois minutos só a olhar para o salão. Era enorme! E era como o "paraíso dos carros", um sítio onde o que eu na altura chamava de "carros rápidos" se encontravam todos juntos.

Lembro-me também de sentir aquela satisfação que nos dá quando um pequeno sonho se torna realidade. Como uma criança e um grande admirador de carros, o que me interessou mais foram as miniaturas dos carros que se podia comprar. Lembro-me de olhar para um carro da Ford muito colorido e de muito insistir mais uma vez com o meu pai para mo comprar. Ele lá cedeu, mas não conseguiu deixar de sorrir com o sorriso que eu expressei na altura, tenho uma perfeita memória desta situação.

Esta miniatura que levei para casa, para além de me trazer de volta à minha infância, marcou o início da minha coleção de miniaturas de carros, que hoje está quase numa centena... 

Sabe bem lembrar os tempos de criança.

Guilherme F, 12°B

Fernando Pessoa e «eu» - memórias de infância - Nova York

Aos 7 anos de idade, há 10 anos atrás, fui pela primeira e única vez a New York. 

Possuir familiares em outros países é muitas vezes a chave para assim os visitarmos, e foi o que me aconteceu, ainda bastante novo fui visitar as Américas. Passei por New Jersey onde os meus familiares residiam, fiquei uma noite e o dia seguinte em New York, com o posterior retorno a New Jersey onde passei mais alguns dias. 

Uma experiência incrível, que mesmo depois de tanto tempo, ainda apresenta detalhes com um brilho tão vívido e intenso. 

Recordo-me de tentar olhar para o topo dos edifícios ao caminhar pelas ruas de New York e ficar com tonturas de tão altos que são. As ruas preenchidas pela multidão, com os táxis a consumir as estradas. E aquela famosa estátua esverdeada, representante da liberdade, que de longe fiquei a admirar. 

Foi nessa noite que adquiri uma certa paixão por viagem, uma chama por descobrir e viajar, conhecer novos horizontes no globo, mesmo que da visão de uma criança de 7 anos. Após essa noite de vivências por algumas das ruas mais famosas da cidade, fomos passar a noite a um hotel, retornando a New Jersey no final do dia seguinte. 

Embora já não seja certo, este pequeno globo, já velho, de New York terá sido adquirido numa das duas cidades que pisei nas Américas, acabando por ter como destino a minha mesa de cabeceira, para que me possa lembrar desses dias de outrora, até depois do amanhã e no agora. Outrora lá voltarei.

Henrique C., 12°B, novembro, 2020

 

Fernando Pessoa e «eu» - memórias de infância: o "Arturo"

Desde sempre e como era hábito, a minha família ia às feiras medievais, especialmente à de Óbidos. Foi lá que comprei o “Arturo” - o nome que dei ao meu novo amigo, um apito em formato de pássaro, de barro que, quando mergulhado em água, ao soprar pela abertura dava um som bonito de um pássaro real, como se se tratasse de um assobio cantado. 

Fiquei fascinada, ainda por mais nunca soube assobiar, então o Arturo era, portanto, um elemento que sempre me acompanhou para realizar esse desejo que tinha. 

Era também como um “walkie-talkie” pois, por sorte, eu e o meu irmão mais novo sempre tivemos uma relação de grande união e por isso, sempre que íamos passear cada um de nós levava um para o caso de incidentes inesperados (o que era muito habitual do meu irmão) ou então só mesmo para chamarmos a atenção, pois éramos muito orgulhosos do nosso apito, e - como qualquer criança - fazer barulho era o que melhor sabíamos fazer.

C. de Sousa, 12ºB

Fernando Pessoa e «eu» - memórias de infância: berlindes e piões

 Começamos hoje a publicação de textos motivados pela poesia de Fernando Pessoa sobre a infância - o modo como a vivemos ou como hoje julgamos que a vivemos: «Outrora hoje».

 A minha infância sempre foi muito ligada ao campo e à natureza. As tecnologias, na altura menos avançadas, nunca tiveram muita importância nessa fase mais antiga da memória. Na escola primária que frequentei havia dois tipos de pessoas, as que eram apenas crianças a viver o momento e as que ficavam a um canto, não querendo demonstrar ter 7 ou 8 anos. Eu, felizmente, era do primeiro tipo. Chegava a casa com os joelhos sujos e por vezes com feridas de jogar à apanhada tão convictamente. Os meus pais não se importavam muito porque as nódoas eram apenas um problema temporário e eu era uma pequenina feliz. 

No 1º ano de escolaridade surgiu uma nova moda, embora já antiga, a moda dos berlindes. Levávamos para a escola, não só a nossa coleção como também a dos nossos pais. Escavávamos buracos e desenhávamos arenas e círculos no chão para podermos fazer competições e deixar os berlindes rebolar, no final do jogo trocávamos berlindes com quem ganhasse. Era uma brincadeira inocente, ecológica e de confraternização entre miúdos de todas as idades.  

No ano seguinte, a moda passou a ser dos piões. Os tamanhos eram bastante variados, apenas não mudava o cordão, que os fazia girar e a cor do próprio objeto, castanha clara como a madeira após ser lixada. De modo a conseguir identificá-los, personalizámos o pião ao gosto do dono, normalmente pintávamos com os vernizes das mães ou com guache. Para que os piões ganhassem mais força e velocidade, pedíamos aos pais que substituíssem o bico por um prego afiado.  


Foi uma fase de pequenez cheia de aprendizagens, mas sobretudo de novas vivências e amizades, que sem dúvida ficarão nas boas recordações da memória. Alegremente direi que foram as cicatrizes, os piões, os berlindes e muitas outras brincadeiras que me marcaram e não os telemóveis e computadores.

C. Nascimento, 12ºB

04 novembro 2020

Infância - «Outrora agora»

"Quando as crianças brincam"


 Imagem:https://www.jones-terwilliger-galleries.com/Artist_Enlargements/Hartley/hartley5.html