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30 novembro 2013

Esclarecimentos

Resposta à dúvida da Rafaela (devem rever os apontamentos)


A analogia Peixes – Homens
A razão de ser, o propósito de louvar e repreender os peixes, nas partes II, III, IV e V, é chamar a atenção, criticar e procurar emendar os homens, em particular os colonos e fazendeiros do Maranhão, que escravizavam os índios e os impediam de ter uma vida com um mínimo de condições, direitos e dignidade.
Assim:
- Os peixes têm algumas virtudes que os homens não possuem :
     Ouvem e não falam
     Foram os primeiros a ser criados
     São os mais abundantes
     São obedientes e respeitadores
     Salvaram Jonas (mostrando-se menos “selvagens” que os humanos)
Ø Apesar de não serem dotados de razão/entendimento, fazem dela
mais uso do que os homens, que sendo racionais, agem de forma
irracional
Ø Também os exemplos fornecidos ajudam a perceber defeitos dos homens, por contraste com as virtudes de cada um destes peixes:
-       Tobias (poder curativo)
-       Rémora (força e poder)
-       Torpedo (energia)
-       Quatro-olhos (para olhar para o alto, o céu, e para baixo, não se esquecendo que há inferno)
Os homens têm todos os defeitos criticados nos peixes
Defeitos gerais
-       Voracidade
-       Ignorância e cegueira
-       Vaidade
Defeitos específicos
- Roncador(arrogância)
-       Pegador (oportunismo)
-       Voador (ambição)
-       Polvo (hipocrisia; traição).
Em síntese, este sermão de PAV:
     Foi pregado em São Luís do Maranhão, a 13 de Junho de 1654, três dias antes de se embarcar ocultamente para o Reino.
     Parte da observação sobre os vícios e vaidades do Homem, comparando-o através de alegorias, aos peixes.
     Critica a prepotência dos grandes/dos poderosos (colonos, fazendeiros, servidores do reino) que são, como os peixes, vivem do
sacrifício de muitos pequenos, os quais "engolem" e "devoram".
     Tem como alvo os colonos do Maranhão, que no Brasil são grandes
e prepotentes, mas em Portugal "acham outros maiores que os comam, também, a eles."
     Censura os indivíduos soberbos (os rocandores), os que vivem à custa dos outros(pegadores); os ambiciosos(voadores); os hipócritas e traidores que ao falsos cristãos ou fingem defender o rei e o reino (polvos).
 
Vieira mantém a ironia até ao fim, como quando refere a terminar a parte
V do sermão:
Ø «Oh que boa doutrina era esta para a terra, se eu não pregara para o mar!»
ou, já na parte VI:
Ø «Também este ponto era muito importante e necessário aos homens, se eu lhes pregara a eles.»

Mas em vários momentos a sua crítica é direta e não irónica ou por subtendidos. Ex. da parte IV:
Ø «Dir-me-eis que o mesmo fazem os homens. Não vo-lo nego. Dá um exército batalha contra outro exército, metem-se os homens pelas pontas dos piques, dos chuços e das espadas, e porquê? Porque houve quem os engodou e lhes fez isca com dois retalhos de pano. A vaidade entre os vícios é o pescador mais astuto e que mais facilmente engana os homens.».
 

3 comentários:

Noémia Santos disse...


Rafaela

Percebeste a lógica da analogia (entre os peixes e os homens)?

Ainda por aqui estou, a fazer outros trabalhos. Se precisarem de mais esclarecimentos ainda podem pedir.

NS

Anónimo disse...

Sim, Obrigado!
Rafaela

Noémia Santos disse...

Bom trabalho.

Dorme bem, amanhã. Com cansaço, não há ideias capazes.

Boa sorte.
ns