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25 janeiro 2012

Poema "Bóiam leves, desatentos" (F.P.) - leitura e treino de conhecimentos

                              Bóiam leves, desatentos,
Meus pensamentos de mágoa,
Como, no sono dos ventos,
As algas, cabelos lentos
Do corpo morto das águas.
 
 
 Bóiam como folhas mortas
À tona de águas paradas.
São coisas vestindo nadas,
Pós remoinhando nas portas
Das casas abandonadas.
 
 
 Sono de ser, sem remédio,
Vestígio do que não foi,
Leve mágoa, breve tédio,
Não sei se pára, se flui;
Não sei se existe ou se dói.
 Fernando Pessoa, Cancioneiro, Comp. José Aguilar, Rio de Janeiro, 1972
(GAVE - Prova Escrita de Português A, 12.° ano, 1997, 1.a Fase, 2.a Chamada)




Hipótese de trabalho 1

Elabore um comentário global do texto que acabou de ler, focando os seguintes tópicos:
· marcas de objectividade/subjectividade na expressão lírica do Eu;
· campos semânticos da fragmentação e do negativismo;
· recursos estilísticos e sua expressividade;
· construção da musicalidade;
· marcas características da poesia ortónima pessoana.

Nota: o exercício e a proposa de correção pertencem ao sítio http://www.esa.esaportugues.com/programa/Pessoa/textosFP.htm#3

Hipótese de trabalho 2

Análise do Poema: “Bóiam leves, desatentos”
1. Encontre os elementos que sugerem indefinição e estagnação, que provocam o tédio e o cansaço de viver.

1.1. Mostre como são importantes para a definição do estado de espírito do Poeta.

2. Observe que há uma progressão na construção metafórica: da comparação passa-se à metáfora. Justifica essa progressão.

3. Há dois gerúndios e dois oximoros. Transcreva os versos onde se encontram.

3.1. Explicite o seu sentido.

4. O verso 12 é o verso-chave. Explique o seu sentido.

5. Indique o tema do texto (enquadrando na poesia ortónima).

5.1. Mostre como está desenvolvido.

Ver tópicos de resposta no comentário (mas só depois de responder!)


Fonte: SOS Português, http://storamjoao.blogspot.com/2009/02/analise-de-poemas-fernando-pessoa.htm


2 comentários:

Noémia Santos disse...

Análise do Poema: “Bóiam leves, desatentos”


1. Encontra os elementos que sugerem indefinição e estagnação, que provocam o tédio e o cansaço de viver.
- Bóiam, desatentos, sono, corpo morto, folhas mortas, águas paradas, tédio...

1.1. Mostra como são importantes para a definição do estado de espírito do Poeta.
- Conotam claramente o estado de indefinição e estagnação do poeta: estagnação exterior = estagnação interior.

2. Observa que há uma progressão na construção metafórica: da comparação passa-se à metáfora. Justifica essa progressão.
- Para explicitar o tema.

3. Há dois gerúndios e dois oximoros. Transcreve os versos onde se encontram.
- Versos 8 e 9.

3.1. Explicita o seu sentido.
- Impossibilidade de sair do estado de estagnação.

4. O verso 12 é o verso-chave. Explica o seu sentido.
- Fatalismo de não ser o que pretendeu ser.

5. Indica o tema do texto.
- Tédio, absurdo.

5.1. Mostra como está desenvolvido.
- Em dois momentos: 1ª as estrofes 1 e 2, onde se exprime o estado psicológico do “eu”; 2ª a estrofe 3, onde se justifica esse mesmo estado.

Marcas de subjectividade/ objectividade na expressão lírica do “eu”:
- presença do “eu” na primeira pessoa pronominal e verbal;
- objectivação dos “pensamentos” como sujeito de 3ª pessoa;
- visualização do mundo subjectivo dos sentimentos (“mágoa”, “tédio”), exteriorizado pelas imagens;
- desdobramento do “eu” em sujeito e objecto (“Não sei”.../ coisas... pós...);
- reificação do mundo interior (“são coisas”)

Marcas características da poesia ortónima:
- os elementos aquáticos da simbólica pessoana;
- o cruzamento do sentir e do pensar;
- o oxímoro;
- a simplicidade formal;
- a sugestão poética simbolista.

Créditos: http://storamjoao.blogspot.com/2009/02/analise-de-poemas-fernando-pessoa.html

Noémia Santos disse...

Atenção

O que publiquei no comentário anterior são apenas tópicos de resposta; há que transcrever, explicar, como nos casos das 3, 4 e 5.

Lembrem-se dos padrões de correção dos EXAMES - Ex: pp. 6,7,8 e 9 dos critérios em:

http://cdn.gave.min-edu.pt/files/388/Portugues_639_CC1_11.pdf