Deixamos a sua visão
Stephen
King – “O Homem Que Amava as Flores”
Contrato de Leitura
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Identificação
Bibliográfica
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Stephen King, Turno da Noite, Lisboa, Bertrand
Editora, 2009, pp. 403-408.
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Género
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Conto de Terror
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Primeira
Publicação
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Agosto 1977
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1.
O
Autor
Stephen King nasceu em Portland, nos Estados Unidos, e é reconhecido como
um dos mais notáveis escritores de contos de horror fantástico e ficção da sua
geração. Os seus livros venderam mais de 350 milhões de cópias e foram publicados
em mais de 40 países; muitas das suas obras foram adaptadas para o cinema. É
autor de Famosas obras como Carrie
(1974), Salem’s Lot (1975), The Shining (1977), Pet Sematary (1983) e It
(1986).
2.
A
Escolha
Desde muito pequena histórias de terror são algo que me realmente me
fascina. Primeiro, tenho de confessar que a minha vida anda à volta de uma
deprimente monotonia e eu, como qualquer outra pessoa, gosto de acrescentar algo
mais à monotonia do costume, para mim são as histórias de terror, para outros
há outras coisas que as emocionem. Acho também que uma das coisas mais
interessantes deste tipo de obras é a elevada carga emocional que acarreta, ou
seja, as obras de terror não são como um simples filme ou um livro, estas peças
conseguem trazer à superfície uma das emoções mais fortes do ser humano, o
medo. Tal como o amor e o ciúme, o medo é uma emoção das mais naturais; para
além disso é um medo fingido, não é um medo real, como o de ter um parente em
risco de vida, ou de estar a ser assaltado, é um medo que quando o filme acaba,
acaba com ele, e daí que seja um medo saudável, porque as pessoas gostam de
emoções fortes e este medo é real mas ao mesmo tempo inofensivo.
3.
Síntese
A história começa em Nova York, durante uma noite no início de Maio de
1963. A personagem principal é um homem não identificado, é uma noite linda, e o
céu está a mudar de cor de azul claro para violeta. Ele está bem vestido. Parece que ele está
apaixonado. As pessoas ao seu redor todos parecem perceber e responder com risos e comentários a este sentimento. Ele
planeia encontrar-se com uma rapariga chamada Norma e por isso vai a uma banca
e compra o ramo de rosas mais caro que lá havia. Com a chegada da noite ele
dirige-se a um beco escuro para o encontro com a rapariga, quando ela aparece
ele fica radiante, “Como se a visse pela primeira vez”, ele oferece-lhe as
flores e a rapariga delicadamente recusa-as, dizendo que o seu nome não era
Norma e ela não era a namorada dele. Ele insiste e é neste episódio que se vê a
verdadeira face do jovem, que ele não era apenas um apaixonado, mas sim um
assassino em série já com várias raparigas assassinadas. Depois de matar a
rapariga com um martelo, afasta-se calmamente do local e passa por um casal de
velhos que faz o breve comentário de que “se há algo mais belo que a Primavera
é o amor jovem”, desconhecendo totalmente o que o jovem tinha acabado de fazer.
Aspetos a tratar da obra
Um dos aspetos mais importantes a salientar desta obra é o contraste
entre a felicidade jovial da primeira parte da história e a segunda parte
completamente sombria e obscura. Um contraste entre a felicidade de um dia de
primavera onde os pássaros cantam, o tempo está perfeito, miúdos a jogarem à
bola e uma noite, quando anoitece e se dá o episódio em que ele mata a
rapariga, passamos a ver uma noite onde tudo é escuro, há o som de gatos a
gemer, caixotes do lixo espalhados no chão, sombras, sangue e o grito de uma
mulher em desespero. Até ao último parágrafo tudo é bonito e perfeito e não é
dada quase pista nenhuma do final que se adianta.
Acho também interessante o desconhecimento total da personalidade do
jovem por parte das pessoas da cidade; mesmo assim, todos o contemplam como
sendo um rapaz apaixonado, um jovem puro e inocente que nada tem a mostrar
senão o amor que sente por uma determinada rapariga. Todos o olham com apreço: o vendedor de flores tenta arranjar o mais bonito ramo para ele dar à amiga, os
jogadores de cartas oferecem-lhe um anel de noivado, as mulheres e novas
raparigas comentam-no com risadas e cotoveladas. Inclusive depois de ter
brutalmente assassinado uma rapariga que interpretava como sendo a sua falecida
apaixonada, as pessoas continuam a olhá-lo como um jovem sem maldade, cheio de
amor no coração. Isto choca-me, a forma como todos os dias podemos passar por
alguém que achamos totalmente banal e depois essa pessoa revelar-se um
psicopata, como na história, e nós nunca chegarmos a saber.
Um outro aspeto que gostava de salientar é a ténue linha entre o amor e
a loucura; este rapaz é visto como apaixonado porque o está, ele faz o que faz
da vida porque o amor pela falecida Norma é enorme e apesar de já ter sido há
10 anos, ainda se sustenta: ao assassinar as raparigas exprimia o seu amor por uma
que já não existia, daí o titulo “o Homem que amava as flores”; ele amava as
flores, as flores são um símbolo do amor real que ele sentia, embora não
exprimido da forma mais correta. Aqui é possível verificar como é que funciona
a cabeça deste indivíduo, tudo o que ele faz, na sua cabeça, tem perfeito
sentido - ele mata as raparigas de forma a encontrar a rapariga que amava, ele
exprime o amor pelo que já perdeu, e para ele, a lógica é impecável. Uma
pesquisa feita por agentes criminais norte americanos mostra que tudo o que um
assassino em série faz, na sua cabeça, tem perfeito sentido. Itzcoatl Ocampo,
matava sem abrigos, mas fazia-o na inocente intenção de limpar a cidade. Ted
Bundy, um dos mais notórios serial killers americanos matava para avisar o mundo
dos perigos da pornografia hard core; dizia que fora ela a culpada e que apenas
matava por culpa dela. John Wayne Gacy afirmava que as pessoas lhe pediam para as
matar, Carl Panzram dizia que matava as mulheres porque estar na prisão criara
um monstro dentro dele... Todos eles tinham desculpas e nas suas cabeças era
lógico terem de matar.
Receção afetiva da obra
Sendo a amante
do terror que sou, adorei esta obra do princípio ao fim; conhecendo Stephen
King, sei que ele consegue começar sempre com uma história aparentemente normal
e dar-lhe uma reviravolta inesperada, o que foi fantasticamente conseguido
neste texto. A história é tão curta que não dá espaço para descrições chatas ou
episódios sem interesse, pelo que a história do princípio ao fim nos deixa
fixados e por isso não acho que tenha existido uma parte de que não tenha
gostado.
Foi uma
leitura fácil e recomendo a pessoas que gostem deste tipo de terror, não do
terror só com sangue e vísceras mas o terror que nos deixa com um nó no
estômago e não nos deixa dormir durante muito tempo. Um livro merecedor de 5*
em 5.
E ainda:
Jéssica Neto divulga o poeta popular António Aleixo
Eu não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia.
**
À guerra não ligues meia,
porque alguns grandes da terra,
vendo a guerra em terra alheia,
não querem que acabe a guerra
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia.
**
À guerra não ligues meia,
porque alguns grandes da terra,
vendo a guerra em terra alheia,
não querem que acabe a guerra
Cláudia Esteves e Henrique Pinto apresentam dois contos de Manuel Alegre.
“Nasci em Maio, o Mês das rosas, diz-se. Talvez por isso, eu fiz da rosa a minha flor, um símbolo, uma espécie de bandeira para mim mesmo.
“E todos os anos, quando chegava o mês de Maio, ou mais exactamente, no dia 12 de Maio, às dez e um quarto da manhã, (que foi a hora em que eu nasci), a minha mãe abria a porta do meu quarto, acordava-me com um beijo e colocava numa jarra um ramo de rosas vermelhas, sem palavras. Só as suas mãos, compondo as rosas, oficiavam nesse estranho silêncio cheio de ritos e ternura. (...) em Maio de 1963, eu estava na cadeia, isto é, de certo modo, eu estava no meu posto. No dia 12 não acordei com o beijo da minha mãe.”
Ler Conto «Rosas Vermelhas» em http://delta4.no.sapo.pt/malegre20.html
3 comentários:
Boa tarde,
Mesmo não sendo relacionado com o tema desta publicação, decidi deixar aqui o meu texto da Questão B, visto que me foi pedido que o deixasse online.
"Na obra de Camões a memória e a esperança encontram-se no mesmo plano visto que os acontecimentos que Camões narra são relativamente recentes, o rei ainda se encontra vivo e há esperança de que este possa ajudar o país a erguer-se, de que consiga alcançar grandes feitos como os seus antepassados.
Na Mensagem, de F. Pessoa, há bastante diferença: já passaram quatro séculos, a esperança desvaneceu-se, não há um apelo a um rei real como em Camões. A esperança está no sonho, no desejo de edificação de um Império não terreno, espiritual, o objectivo que falta cumprir, não o desejo de acção e heroísmo terreno presente n'Os Lusíadas."
João Desidério.
Em seguimento do texto aqui colocado pelo meu colega João, disponibilizo também o meu texto da questão B.
Frase a analisar :"Em Camões,põe-se no mesmo plano a memória e a esperança. Em Pessoa, não, porque o objeto da esperança se transferiu para o sonho, a utupia, e daí uma avisão diferente do heroísmo." Jacinto do Prado Coelho
"Na obra de Camões o sonho e a esperança são depositados no rei presente, D. Sebastião - rei vivo e material. É dado a D. Sebastião o exemplo dos reis do seu passado para que ele veja a grandiosidade deste reino e consiga "tomar as rédeas" para que volte a colocar Portugal no seu apogeu.
Como está expresso na frase acima, em Pessoa o objeto da esperança foi transferido para o sonho, ou seja, na altura de Pessoa a esperança não pode ser colocada no mesmo plano que a memória, porque aqui D. Sebastião já tinha morrido há vários anos e a esperança de Pessoa não é de construção de um império físico como o d’Os Lusíadas mas é a construção de um império espiritual, uma utupia, onde o que interessa é a cultura e não a matéria física. Daí a utilização de um herói físico n'Os Lusíadas (Vasco da Gama) e dos heróis da mensagem serem símbolos, figuras, mitos."
Maria Pio
Em seguimento do texto aqui colocado pelo meu colega João, disponibilizo também o meu texto da questão B.
Frase a analisar :"Em Camões,põe-se no mesmo plano a memória e a esperança. Em Pessoa, não, porque o objeto da esperança se transferiu para o sonho, a utupia, e daí uma avisão diferente do heroísmo." Jacinto do Prado Coelho
"Na obra de Camões o sonho e a esperança são depositados no rei presente, D. Sebastião - rei vivo e material. É dado a D. Sebastião o exemplo dos reis do seu passado para que ele veja a grandiosidade deste reino e consiga "tomar as rédeas" para que volte a colocar Portugal no seu apogeu.
Como está expresso na frase acima, em Pessoa o objeto da esperança foi transferido para o sonho, ou seja, na altura de Pessoa a esperança não pode ser colocada no mesmo plano que a memória, porque aqui D. Sebastião já tinha morrido há vários anos e a esperança de Pessoa não é de construção de um império físico como o d’Os Lusíadas mas é a construção de um império espiritual, uma utupia, onde o que interessa é a cultura e não a matéria física. Daí a utilização de um herói físico n'Os Lusíadas (Vasco da Gama) e dos heróis da mensagem serem símbolos, figuras, mitos."
Maria Pio
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