Os adolescentes | |
Um
ser entre uma criança e um adulto, muitas das vezes ambos, outras tantas
nenhum. Isto é o que são os adolescentes. Uma mistura malfeita, uma omelete mal
mexida, um batido mal batido. São seres que sonham, muito e muito alto, que
acreditam que são o centro do Universo e que tudo está ao seu alcance. Mas são
aqueles a que nada parece correr bem, nada está como queriam, há sempre algo a
mudar ou a melhorar; São os que têm mais dúvidas, fraquezas, desejos,
aspirações, dificuldades e problemas. É difícil ser-se adolescente.
Um
dos problemas é o seu comportamento: para umas situações têm de ser adultos,
para outras, crianças. Quando não se ensina ou não se procura como e quando ser
cada uma dessas designações estes confundem-se e misturam tudo. Quando deviam
ser adultos são crianças e vice-versa.
Outro
é as dúvidas que lhes acerca todos os dias quase incessantemente: Quem sou eu?
O que quero ser? O que é o mundo? De onde vim? Onde estou? Para onde vou? Tenho
um propósito? Qual? Que tenho de fazer? Porque tenho de o fazer? Como ser
melhor? Como ser feliz? O que é a felicidade? O que é o sucesso? São tantas que
quando nos apercebemos do número e do tamanho delas ficamos assoberbados e
imóveis. É paralisante, desconcertante e dolorosa esta imensidão de questões.
Têm
dificuldade em reconhecer as emoções, quer seja de si próprio ou dos outros que
os rodeiam, muito devido ao turbilhão de coisas que sentem ao mesmo tempo. Um
dia de um adolescente equivale a um ano de um adulto no que respeita às emoções
e como ainda não têm ferramentas necessárias para se defender dessa tormenta
acabam por se sentir em baixo a maior parte do tempo.
No
entanto há algumas bases a ter para que se consiga ultrapassar esta fase. E
sim, é possível ultrapassar esta fase, se não o fosse nem mesmo existiríamos.
Algumas das ferramentas de que necessitamos provêm do nosso íntimo, outras dos
responsáveis pela educação da nossa efémera vida.
É
necessário amor e apoio de alguém a quem consideramos mãe ou pai, de modo a
amarmos os outros, não só as qualidades das pessoas como também os seus
defeitos pois são estes que as caraterizam. Esta é a ferramenta mais importante
pois o ser humano é um ser que necessita de se sentir amado e de amar para
conseguir subsistir e aguentar as peripécias naturais da vida, esta é a arma
mais letal de todas.
Sensibilidade
e respeito pelas coisas e pelo próximo são as ferramentas que nos dão destreza
e tenacidade para enfrentar as divergências de um mundo em constante mudança e
com diferentes pontos de vista, quer devido à sua cultura, religião, ambiente
familiar ou qualquer outra coisa, estas duas armas vão tornar a nossa vida mais
fácil ou tornar-nos mais fortes e capazes.
Saber
quem, no mínimo, não nos queremos tornar ajuda a aproximar o nosso objetivo da
realidade, saber o que se quer. Uma pessoa que sabe o que deseja é imparável.
Precisamos então de realizar uma viagem introspetiva: descobrir o que somos e depois perceber-nos. Se não soubermos o que somos como vamos saber lidar com o mundo?
É impossível. Precisamos de o saber de modo a controlar as emoções atabalhoadas
que temos e dar a volta a várias questões.
Um
pensamento crítico, criativo, imparcial e verdadeiro consigo mesmo é um dos
bens mais necessários para conseguir resolver os problemas de uma maneira mais
acertada e correta possível com os dispositivos que temos. Não acreditar em dogmas
possibilita encontrar outras formas de ver o mundo e de o encarar. Acredito que
não há verdades absolutas, tirando a morte. Existem diferentes formas de
pensar, diferentes opiniões e juízos feitos com base no conhecimento, no passado
e na programação mental que cada um tem. Quanto mais conhecimento do mundo ao
nosso redor melhor serão as decisões e juízos que se fazem, mais completos e
abrangentes.
Cada
um é diferente do outro e todos somos especiais, somos insubstituíveis. Temos
de acreditar nisso. Acreditar é a nossa última arma e se calhar aquela que
depois de todo este trabalho feito nos irá tranquilizar a alma e manter nos
focados no objetivo que temos. Acreditar que de alguma forma no futuro tudo se
une e o que estamos a viver agora tem um propósito muito maior do que o que
parece ter, será a ponte de conexão entre o que estamos a fazer e o que
queremos ser, entre o passado, o presente e o futuro.
São
estas as ferramentas que eu encontrei para conseguir andar para a frente,
seguir sem parar e de uma forma que não me arrependesse no final desta que será
a minha vida, espero que vos seja útil esta minha partilha de sentimentos e
deliberações. Penso que com isto não só os adolescentes como também os adultos
melhorarão e serão capazes de resolver os seus problemas atuais e os vindouros
enquanto cidadãos íntegros duma sociedade mundial.
Tiago Francisco Dores de Almeida. 2018
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