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08 junho 2018

Ser para a vida


Os adolescentes

Um ser entre uma criança e um adulto, muitas das vezes ambos, outras tantas nenhum. Isto é o que são os adolescentes. Uma mistura malfeita, uma omelete mal mexida, um batido mal batido. São seres que sonham, muito e muito alto, que acreditam que são o centro do Universo e que tudo está ao seu alcance. Mas são aqueles a que nada parece correr bem, nada está como queriam, há sempre algo a mudar ou a melhorar; São os que têm mais dúvidas, fraquezas, desejos, aspirações, dificuldades e problemas. É difícil ser-se adolescente.
Um dos problemas é o seu comportamento: para umas situações têm de ser adultos, para outras, crianças. Quando não se ensina ou não se procura como e quando ser cada uma dessas designações estes confundem-se e misturam tudo. Quando deviam ser adultos são crianças e vice-versa.
Outro é as dúvidas que lhes acerca todos os dias quase incessantemente: Quem sou eu? O que quero ser? O que é o mundo? De onde vim? Onde estou? Para onde vou? Tenho um propósito? Qual? Que tenho de fazer? Porque tenho de o fazer? Como ser melhor? Como ser feliz? O que é a felicidade? O que é o sucesso? São tantas que quando nos apercebemos do número e do tamanho delas ficamos assoberbados e imóveis. É paralisante, desconcertante e dolorosa esta imensidão de questões.
Têm dificuldade em reconhecer as emoções, quer seja de si próprio ou dos outros que os rodeiam, muito devido ao turbilhão de coisas que sentem ao mesmo tempo. Um dia de um adolescente equivale a um ano de um adulto no que respeita às emoções e como ainda não têm ferramentas necessárias para se defender dessa tormenta acabam por se sentir em baixo a maior parte do tempo.
No entanto há algumas bases a ter para que se consiga ultrapassar esta fase. E sim, é possível ultrapassar esta fase, se não o fosse nem mesmo existiríamos. Algumas das ferramentas de que necessitamos provêm do nosso íntimo, outras dos responsáveis pela educação da nossa efémera vida.
É necessário amor e apoio de alguém a quem consideramos mãe ou pai, de modo a amarmos os outros, não só as qualidades das pessoas como também os seus defeitos pois são estes que as caraterizam. Esta é a ferramenta mais importante pois o ser humano é um ser que necessita de se sentir amado e de amar para conseguir subsistir e aguentar as peripécias naturais da vida, esta é a arma mais letal de todas.
Sensibilidade e respeito pelas coisas e pelo próximo são as ferramentas que nos dão destreza e tenacidade para enfrentar as divergências de um mundo em constante mudança e com diferentes pontos de vista, quer devido à sua cultura, religião, ambiente familiar ou qualquer outra coisa, estas duas armas vão tornar a nossa vida mais fácil ou tornar-nos mais fortes e capazes.
Saber quem, no mínimo, não nos queremos tornar ajuda a aproximar o nosso objetivo da realidade, saber o que se quer. Uma pessoa que sabe o que deseja é imparável. Precisamos então de realizar uma viagem introspetiva: descobrir o que somos e depois perceber-nos. Se não soubermos o que somos como vamos saber lidar com o mundo? É impossível. Precisamos de o saber de modo a controlar as emoções atabalhoadas que temos e dar a volta a várias questões.
Um pensamento crítico, criativo, imparcial e verdadeiro consigo mesmo é um dos bens mais necessários para conseguir resolver os problemas de uma maneira mais acertada e correta possível com os dispositivos que temos. Não acreditar em dogmas possibilita encontrar outras formas de ver o mundo e de o encarar. Acredito que não há verdades absolutas, tirando a morte. Existem diferentes formas de pensar, diferentes opiniões e juízos feitos com base no conhecimento, no passado e na programação mental que cada um tem. Quanto mais conhecimento do mundo ao nosso redor melhor serão as decisões e juízos que se fazem, mais completos e abrangentes.
Cada um é diferente do outro e todos somos especiais, somos insubstituíveis. Temos de acreditar nisso. Acreditar é a nossa última arma e se calhar aquela que depois de todo este trabalho feito nos irá tranquilizar a alma e manter nos focados no objetivo que temos. Acreditar que de alguma forma no futuro tudo se une e o que estamos a viver agora tem um propósito muito maior do que o que parece ter, será a ponte de conexão entre o que estamos a fazer e o que queremos ser, entre o passado, o presente e o futuro.
São estas as ferramentas que eu encontrei para conseguir andar para a frente, seguir sem parar e de uma forma que não me arrependesse no final desta que será a minha vida, espero que vos seja útil esta minha partilha de sentimentos e deliberações. Penso que com isto não só os adolescentes como também os adultos melhorarão e serão capazes de resolver os seus problemas atuais e os vindouros enquanto cidadãos íntegros duma sociedade mundial.

Tiago Francisco Dores de Almeida. 2018

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