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11 junho 2013

Este é um bom exemplo do que acontece nos exames: um excerto menos conhecido, que obriga o aluno a ler e interpretar MESMO!
Já fizemos em aula, mas toca a relembrar: 

Exame 2012



1.     Ao chegar a casa grandes eram as diferenças no filho pródigo, primeiro porque estava casado, ou melhor, junto com Blimunda de Jesus – “trouxe mulher”; também para espanto de sua mãe, Baltasar chega a casa mutilado da guerra, sem a sua mão esquerda (“uma (mão) lhe ficou no campo de batalha”). Com uma mão desfeita e outra a segurar Blimunda, Baltasar ficava sem uma para ganhar grande sustento, vindo assim também pobre (“de mãos vazias”), pobre de dinheiros mas rico de alma – “todo o homem sabe o que tem, mas não sabe o que isso vale”.



2.      Marta Maria recebe Baltasar com grande alegria mas rapidamente a visita se torna um choque, ao vislumbrar a mão agora feita em gancho de Baltasar, Marta Maria enche-se de dor (“dividida entre a dor que a mutilava naquele braço e a inquietação de outra presença”), durante um longo momento ela farta o filho com perguntas, sempre derramando lágrimas, com um grande sofrimento e uma enorme dor de ver o seu único filho mutilado (“ (Baltasar) Ouviu as lágrimas e as perguntas”)

Já João Francisco não revelou êxtase ao ver a mutilação do filho atendendo-a com ligeira indiferença e compreensão, “deu logo pela mutilação, mas dela não falou, apenas isto, Paciência, quem foi à guerra”. Para João Francisco isto seria talvez uma consequência óbvia de ir para o campo de batalha daí que não fizesse julgamentos sobre aquilo que causava tanta dor à sua mulher.



3.      Atravessando por um momento de puro choque inicial, a relação entre Marta Maria e Blimunda foi estabilizando para uma relação comum e previsível entre nora e sogra.

O choque de Marta Maria ao ver o filho pela primeira vez depois de vários anos estava focalizado em dois grandes pontos: a mutilação do filho e a de encontrar uma nora (“dividida entre a dor que a mutilava naquele braço e a inquietação de outra presença”), depois de discutir com o filho o que lhe tivera tirado o braço, Marta Maria, ainda combalida da outra notícia, recebe Blimunda. No decorrer da acção acontece aquilo que seria de esperar de duas mulheres na altura, preparam a ceia, e assim, com uma acção tão simples como esta, ligam-se de modo natural e aceitam-se mutuamente “daí a pouco estavam a sogra e a nora a tratar da ceia”.


4.      “Ai a dureza do coração dos filhos, que estão vivos e fazem dos seus silêncios morte”, com esta expressão o narrador revela a dureza presente nos corações dos filhos que estão vivos e não dão notícias aos seus pais, causando neles uma dor comparável à da morte dos seus descendentes. Lição intemporal aplicando-se de facto a Baltasar, homem este que esteve “calando quase dois anos” em Lisboa, sem dar qualquer notícia aos seus pais, apenas uma recente carta.
A mensagem é de que é necessário ter no coração uma frieza e dureza tais para estar vivo durante tanto tempo sem enviar uma única palavra aos pais, provocando com o seu silêncio uma dor abissal a seus pais.

1 comentário:

Noémia Santos disse...

Por lapso, falhou a autora: Maria Pio.

Obrigada, Maria