MEMORIAL DO CONVENTO, José Saramago
Síntese das informações trabalhadas em aula
Na ação, há diferentes linhas de ação que
se articulam:
O
rei
D.
João V
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Abrange
todas as personagens da família real e relaciona-se com a segunda linha de
ação, uma vez que a promessa do rei é que vai possibilitar a construção do
convento. O espaço principal é a a corte e, depois, o convento, na altura da
sua inauguração, no dia do aniversário do rei.
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Os
construtores do convento
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Esta
é a linha da ação principal da história, a par da que respeita à construção
da passarola. Esta segunda linha de acção vai ganhando relevo e une a
primeira à terceira: se o convento é obra e promessa do rei, é ao sacrifício
dos homens que ela se deve.
Glorificam-se aqui os homens que se sacrificam, passam por dificuldades, mas
que também as vencem.
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Baltasar
e Blimunda
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Relata-se
uma história de amor e o modo de vida dos portugueses. Baltasar e Blimunda
são os construtores da passarola; Baltasar é também, depois, construtor do
convento, constituindo-se como exemplo
da força que faz mover Portugal – a do povo. |
Bartolomeu
Lourenço
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Relaciona-se
com o sonho e o desejo de construir uma máquina voadora. Articula-se com a
primeira e segunda linhas de ação, porque o padre é um mediador entre a
corte (relação privilegiada com o rei) e o povo (os companheiros para a concretização do sonho - Baltasar e Blimunda). Também se enquadra na terceira linha, dado que a
construção da passarola resulta da força das vontades que Blimunda tem de
recolher para que a passarola voe.
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A
construção da passarola é o fio condutor de toda a narrativa pois consegue-se
observar quase todos os passos, e até partilhar do entusiasmo das personagens; da
construção do convento só se sabe as fases da construção. A partir do décimo
sétimo capítulo é que se aborda mais o convento. Na realidade, é a construção
da máquina que conduz a narrativa e é ela que materializa o sonho dos seus
construtores e lhes vai permitir a fuga de um mundo dominado pela injustiça, pela
força do poder e pelo medo. Representa a liberdade versus a opressão.
As
sequências narrativas, que fazem parte da acção, podem surgir articuladas de
três maneiras diferentes:
à
Encadeamento: por exemplo, o
desenrolar da relação amorosa entre Blimunda e Baltasar, a partir do momento em
que se conhecem no auto-de-fé, onde a mãe de Blimunda é condenada, até ao
reencontro do casal no final da acção, na altura em que Baltasar está a ser
queimado na fogueira da Inquisição e Blimunda o “recolhe”.
Encaixe: por exemplo, as histórias de vida que Francisco Marques, José Pequeno, Joaquim da Rocha, Manuel Milho, João Anes, Julião Mau-tempo e Baltasar Mateus contam uns aos outros (Cap. XVIII), quando estes se encontram a trabalhar na construção do convento.
Alternância: por exemplo, a história de Manuel Milho sobre uma rainha e um ermitão (Cap. XIX) é contada por partes, à noite, dando lugar à narração de outros eventos.
ESPAÇO:
Espaço físico (espaço real, onde os
acontecimentos ocorrem, confere verosimilhança à história narrada):
Espaço geográfico – Lisboa e Mafra são os espaços fulcrais, até porque é aqui que se movimentam as personagens principais.
Dentro destes espaços, destacam-se,
nomeadamente:
Ø o
Terreiro do Paço (local que retrata a vida na corte),
Ø o
Rossio (onde se realiza, por exemplo, os autos-de-fé),
Ø S.
Sebastião da Pedreira (localidade situada nos arredores de Lisboa, onde decorre
a construção da “passarola”, na quinta do duque de Aveiro),
Ø a
“ilha da Madeira” (vale onde os trabalhadores do convento se alojam).
Faz-se
ainda referência a Évora, Montemor, Pegões, Aldegalega (locais por onde
Baltasar passa, depois da guerra, no seu percurso até chegar a Lisboa); à serra
do Barregudo, ao Monte Junto, ao Monte Achique, a Pinheiro de Loures, a Pêro
Pinheiro (onde os homens vão buscar a gigantesca pedra para o convento), a
Cheleiros, Torres Vedras, Leiria, à região do Algarve, Alentejo e
Entre-Douro-e-Minho, etc.
Espaço interior
Palácio Real (Lisboa),
Quinta do duque de Aveiro (arredores de
Lisboa),
a casa dos pais de Baltasar (Mafra) …
MAFRA e LISBOA Espaço
social
(ambiente social vivido pelas
personagens)
Ø A
vida na corte, com a apresentação do séquito real, do vestuário das
personagens, das vénias protocolares, do ritual das relações entre o rei e a
rainha e todos aqueles que frequentam o paço, sobretudo o clero (Cap. I)
Ø Diversas
procissões, nomeadamente, a de penitência pela altura da Quaresma (Cap. III), a
dos autos-de-fé (Cap. V e XXV); a do Corpo de Deus em Junho (Cap. XIII); que
atestam a influência da religião na sociedade;
Ø O
baptizado da princesa Maria Bárbara no dia da Nossa Senhora do Ó (VII)
Ø A
tourada em Lisboa, no Terreiro do Paço (IX);
Ø As
lições de música da infanta Maria Bárbara ministradas por Domenico Scarlatti
(XVI)
Ø A
epidemia de cólera e febre-amarela que dizima o povo (XV)
Ø O
cortejo nupcial que retrata os casamentos da infanta Maria Bárbara e do
príncipe D. José com o príncipe e infanta espanhóis (XXII);
Ø Sagração,
em 1730, do convento de Mafra, apesar de ainda não concluídas as obras (XXIV) …
Há locais onde se movem grandes aglomerados, que permitem evidenciar:
Ø
as disparidades sociais
Ø
a opressão e falta de condições
a que o povo estava sujeito
Ø
o gosto por “espectáculos” violentos,
partilhado por todas as classes
Pelo contrário, os ambientes
das classes privilegiadas surgem em menor número; são muitas vezes apresentados
num tom irónico como forma de criticar
aspectos políticos, económicos e religiosos de uma sociedade
Espaço psicológico - vivências íntimas,
pensamentos, sonhos, estados de espírito, memórias, reflexões… das personagens; caracterizam o ambiente a elas associado:
Ø O sonho
– a rainha sonha diversas vezes com o cunhado, D. Francisco. Ao longo do
romance, são descritos com alguma insistência os sonhos de diversas
personagens, dando conta dos seus mais íntimos desejos, ansiedades e
inquietações…
Ø A imaginação
– por exemplo, a peregrinação em busca de Baltasar, durante nove anos, Quantas vezes imaginou Blimunda que estando
sentada na praça de uma vila, a pedir esmola, um homem se aproximaria… (Cap.
XXV).
Ø A memória
– Quando Baltasar, por exemplo, relembra o momento em que perdeu a sua mão
esquerda na guerra (VIII)
Ø
A reflexão – nomeadamente, a conversa entre a infanta D.
Maria Bárbara e sua mãe durante o cortejo nupcial acerca da «preparação» para o casamento (XXII)
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