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08 junho 2018

Cesário Verde inspirou «À espera no café»

Porque este sempre foi um espaço aberto, terminamos as colaborações com a publicação do poema de uma colega do 11º, nos passos de Cesário Verde. Parabéns à Francisca e a todos os alunos do 12º A e do 12º B que ao longo deste ano contribuíram com os seus textos para o enriquecimento da nossa reflexão sobre o mundo.

À espera no café
Estou sentada à espera
Do meu café
Que voltei a pedir
Pela terceira vez
Ao empregado moroso
Que nunca mo fez chegar


Estou sentada à espera
Nem sei bem de quê
O tempo arrasta-se
Como as nuvens escuras e indefinidas
Que observo junto à janela


Estou sentada à espera
Do dia em que partirei
Do momento em que deixarei esta cidade
Fria e cinzenta
As multidões apressadas
Pálidas, com olheiras
E os prédios recentemente pintados
Com uma tinta que não vai durar


Estou sentada à espera de ti
Tu que prometeste vir
Mas nunca chegaste
E olho a porta de vidro
Que se mantém quieta
Ou se abre para deixar passar
Pessoas que julguei que um dia viria a conhecer


Estou sentada à espera
Do meu café
Que voltei a pedir
Pela quinta vez
Ao empregado moroso
Que pela sala se arrasta
Tal como as nuvens no céu se arrastam
E como esta cidade cinzenta se continuará a arrastar
Com pura indiferença
Ao dia em que eu partir


Estou sentada à espera de mim
Eu que um dia achei que seria capaz
De me levantar e ir ver o mundo
Mas que aqui permanecerei
Sentada
À espera


Francisca Pereira, 11ºA, nº 18


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