(«corrige os costumes sorrindo», ou «rindo se castigam os costumes»,
princípio
em que se fundamenta a comédia)
A
propósito do livro Contos vagabundos
(2000), em que se insere o conto "Famílias desavindas", há um
conjunto de vocábulos que os estudiosos costumam referir a propósito da escrita
de Mário Cláudio. Vamos conhecê-los e saber o seu significado geral e em
contexto literário.
Nonsense
– à letra, sem sentido, sem nexo, contrassenso. Aquilo que é contrário à
razão ou ao bom senso. O mesmo que absurdo. Na literatura e nas artes, utiliza-se
esta designação para um estilo característico de humor, que joga com a
alteração dos nexos, com intenção muitas vezes crítica ou de desconstrução das
situações tidas por «normais».
Caricato; caricatural, forma de
representação que procura satirizar pessoas ou ações humanas; trocista, que
provoca o riso através da troça, da zombaria. Extravagante, invulgar, incomum,
associado ao que é ridículo – que causa risos.
Burlesco - o termo é usado para referir
uma obra ou um espetáculo que tem por objetivo ridicularizar, parodiar um
determinado tema. Enquanto termo literário, o vocábulo refere-se a paródia - imitação
textual com a finalidade de produzir um efeito cómico, brincando com questões
sérias, contrastando o banal e o insólito, ou trazendo para a ribalta temas condenados a nível social.
Insólito –
singular, desusado, novo; que provoca estranheza ou desconforto; que rompe ou
põe em causa a banalidade.
Absurdo –
aquilo que é contrário à razão, ao bom senso, à lógica. Em literatura, a designação
Teatro do Absurdo surge nos anos 50
do século XX, após a II Guerra Mundial, e articula a comicidade ao trágico, em
resultado do sentimento de desolação e de perda de referências do homem
moderno.[1]
[1]
As
causas mais diretas derivam da experiência limite do horror da Segunda Guerra, das
tensões da Guerra Fria e do quadro filosófico e ético de afirmação do homem enquanto
ser liberto e responsável pelo seu destino, num mundo sem Deus, mas também
muito mais desamparado e solitário.
Os principais dramaturgos do "Teatro do Absurdo": o irlandês Samuel
Beckett (1906 - 1989), o romeno,
radicado em França, Eugène Ionesco (1909 - 1994) e o
inglês Harold Pinter (1930 - 2008).
A
personagem do médico, no conto “Famílias Desavindas” tem o nome de Beckett,
numa piscadela de olho ao leitor mais atento.
Edward Lear, A Book of Nonsense
Sem comentários:
Enviar um comentário