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27 fevereiro 2018

Nonsense

«ridendo castigat mores»  ou  «castigat ridendo mores» 
(«corrige os costumes sorrindo», ou «rindo se castigam os costumes»,
princípio em que se fundamenta a comédia)





A propósito do livro Contos vagabundos (2000), em que se insere o conto "Famílias desavindas", há um conjunto de vocábulos que os estudiosos costumam referir a propósito da escrita de Mário Cláudio. Vamos conhecê-los e saber o seu significado geral e em contexto literário.

Nonsense – à letra, sem sentido, sem nexo, contrassenso. Aquilo que é contrário à razão ou ao bom senso. O mesmo que absurdo. Na literatura e nas artes, utiliza-se esta designação para um estilo característico de humor, que joga com a alteração dos nexos, com intenção muitas vezes crítica ou de desconstrução das situações tidas por «normais».

Caricato; caricatural, forma de representação que procura satirizar pessoas ou ações humanas; trocista, que provoca o riso através da troça, da zombaria. Extravagante, invulgar, incomum, associado ao que é ridículo – que causa risos.

Burlesco - o termo é usado para referir uma obra ou um espetáculo que tem por objetivo ridicularizar, parodiar um determinado tema. Enquanto termo literário, o vocábulo refere-se a paródia - imitação textual com a finalidade de produzir um efeito cómico, brincando com questões sérias, contrastando o banal e o insólito,  ou trazendo para a ribalta temas condenados a nível social.

Insólito – singular, desusado, novo; que provoca estranheza ou desconforto; que rompe ou põe em causa a banalidade.

Absurdo – aquilo que é contrário à razão, ao bom senso, à lógica. Em literatura, a designação Teatro do Absurdo surge nos anos 50 do século XX, após a II Guerra Mundial, e articula a comicidade ao trágico, em resultado do sentimento de desolação e de perda de referências do homem moderno.[1]


[1] As causas mais diretas derivam da experiência limite do horror da Segunda Guerra, das tensões da Guerra Fria e do quadro filosófico e ético de afirmação do homem enquanto ser liberto e responsável pelo seu destino, num mundo sem Deus, mas também muito mais desamparado e solitário.  Os principais dramaturgos do "Teatro do Absurdo": o irlandês Samuel Beckett (1906 - 1989), o romeno, radicado em França, Eugène Ionesco (1909 - 1994) e o inglês Harold Pinter (1930 - 2008).
A personagem do médico, no conto “Famílias Desavindas” tem o nome de Beckett, numa piscadela de olho ao leitor mais atento.
Edward Lear, A Book of Nonsense

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