Total visualizações

06 outubro 2020

"Mensagem"- a estrutura tripartida: da História ao mito


"Desejo ser um criador de mitos" (Fernando Pessoa)
A Mensagem poderá ser vista como uma epopeia, porque parte de um núcleo histórico, mas a sua formulação [é] simbólica e mítica [...].  [A] ação dos heróis só adquire pleno significado dentro de uma referência mitológica. (Dalila L. Pereira da Costa)
    Brasões de armas da Ínclita Geração - epíteto dado aos filhos do rei João I e de Filipa de Lencastre (sécs. XIV-XV)                     
MENSAGEM
PARTE I 
No «Brasão», o poeta apresenta-nos, sob a forma de dramatis personae (personagens dramáticas), os heróis fundadores da nacionalidade.
A cada um corresponde um obreiro da nacionalidade: «Ulisses» é o mítico fundador de Lisboa; «Viriato», o quase tão mítico chefe dos nossos antepassados lusitanos; «O Conde D. Henrique» e D. Teresa («D. Tareja»), condes portucalenses, são pré-fundadores de Portugal; «D. Afonso Henriques» é o primeiro rei; e «D. Dinis» é, para além do «plantador das naus a haver», a primeira grande figura da literatura portuguesa. Os fundadores da dinastia d’Avis, obreira dos Descobrimentos («D. João, o Primeiro» e «D. Filipa de Lencastre»)

Seguem-se «As Quinas», que simbolizam nas armas nacionais as chagas de Jesus. Segundo uma lenda medieval, foi o próprio Cristo que, momentos antes da batalha de Ourique, as ofereceu para a heráldica nacional ao nosso primeiro rei. Os heróis consagrados nas «Quinas» (D. Duarte, D. Fernando, D. Pedro, D. João, todos os filhos de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, e D. Sebastião) são reis e infantes mártires, que - traduzindo uma grandeza não menos evidente do que a dos heróis positivos dos «Castelos» - nos dão, com o seu fracasso ou o seu sangue, a face dolorosa da história de Portugal.

Para a «Coroa», o escolhido foi o Condestável D. Nuno Álvares Pereira,  [qual]  cavaleiro da Távola Redonda, predestinado para empunhar a espada Excalibur e descobrir o Santo Graal. E para o «Timbre», o misterioso grifo (simbiose da águia e do leão) (...) os eleitos são três figuras cimeiras da expansão portuguesa: «O Infante D. Henrique», «D. João, o Segundo» e «Afonso de Albuquerque».
Autor: Costa Pinheiro
PARTE II
Nos 12 poemas de «Mar Português», historia-se e mitifica-se a saga das Descobertas. O primeiro herói assinalado é (...) de novo o Infante D. Henrique. Seguem-se, com rigor cronológico, os acontecimentos e protagonistas mais marcantes das Descobertas. (...) Paralelamente, os Descobrimentos são também um percurso iniciático, e, consequentemente, de autodescoberta. As caravelas portuguesas, com a cruz da Ordem de Cristo (sucessora da dos Templários em Portugal) inscrita nas velas, são «as naus da iniciação» em busca dos «beijos merecidos da Verdade» (poema «Horizonte»), enquanto «O Mostrengo» corporiza os perigos que o iniciado tem de enfrentar se caminho para a verdade oculta.

Parte III
 «O Encoberto» remat[a] a arquitetura esotérica da Mensagem [e] constitui também uma síntese de todo o livro, pois cada uma das três partes da obra encontra aqui a sua correspondência. Em «Os Símbolos», o novo «Brasão», inscreve Pessoa as cinco máscaras da utopia nacional («D. Sebastião», «O Quinto Império», «O Desejado», «As Ilhas Afortunadas», «O Encoberto»). (...) Em «Os Tempos» desvelam-se os sinais que anunciam a proximidade de «O Encoberto», mito com que o poeta metaforiza a regeneração cultural da nação portuguesa: «É a hora!»
 
António Apolinário Lourenço, «Mensagem», in Biblos - Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa, voI. III, Lisboa/S. Paulo, Verbo, 1999 (adaptado)

A adaptação, acima reproduzida parcialmente, é da responsabilidade de Ana Amaral e está disponível em cloud.fciencias.com/wp-content/uploads/.../Mensagem-portefólio.pdf
 
 
GLOSSÁRIO
 esotérico - hermético, obscuro; incomum, invulgar; pouco compreensível ao comum dos mortais; que é acessível, apenas, a um grupo restrito e fechado de pessoas.
Etimologia: do grego esoterikós. Dizia-se do ensino que, na antiguidade grega, se destinava a um grupo seleto, geralmente especializado, de discípulos. 
ouco compreensível pelo comum dos mortais. = HERMÉTICO, OBSCURO

"esotérica", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/esot%C3%A9rica [consultado em 06-10-2020].

2. Pouco compreensível pelo comum dos mortais. = HERMÉTICO, OBSCUROEXOTÉRICO

Confrontar: exotérico, isotérico.

"esotérica", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/esot%C3%A9rica [consultado em 06-10-2020].

2. Pouco compreensível pelo comum dos mortais. = HERMÉTICO, OBSCUROEXOTÉRICO

Confrontar: exotérico, isotérico.

"esotérica", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/esot%C3%A9rica [consultado em 06-10-2020].
 
desvelar - revelar; tirar o véu, descobrir, desvendar.  
 
Vê ainda o significado especial de iniciação AQUI

Sem comentários: