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09 fevereiro 2008

Os Segredos da Natura



Contar-te longamente as perigosas
Coisas do mar
,
que os homens não entendem:
Súbitas trovoadas temerosas,
Relâmpados que o ar em fogo acendem,
Negros chuveiros, noites tenebrosas,
Bramidos de trovões que o mundo fendem,
Não menos é trabalho, que grande erro,
Ainda que tivesse a voz de ferro. (C.V,16)

Camões, em Os Lusíadas, como Fernando Pessoa, em Mensagem, apresentam uma visão sacrificial da heroicidade: para ser grande, para vencer as limitações do "fraco humano" é necessário lutar, esforçar-se, enfrentar os medos, ousar, apesar de sermos "bicho da terra tão pequeno".

C. V
18 - Vi, claramente visto (...)
as nuvens do mar com largo cano
Sorver as altas águas do Oceano.

19 - Eu o vi certamente (e não presumo
Que a vista me enganava) levantar-se
No ar um vaporzinho e subtil fumo,

E, do vento trazido, rodear-se (ver vídeo)



C.VI
Três marinheiros, duros e forçosos,
A menear o leme não bastaram;
(...)

74
Os ventos eram tais, (...)
Nos altíssimos mares, que cresceram,
A pequena grandura dum batel
Mostra a possante nau, que move espanto,
Vendo que se sustém nas ondas tanto.



4 comentários:

Inês disse...

Inês, André e Carlos
RESPOSTA AO VELHO DO RESTELO
Ó sábio senhor, tudo o que dízeis terá o seu fundo de verdade. Porém, não terão valido a pena os perigos que enfrentámos, para todo o conhecimento e glória alcançados até hoje?
Meu velho... A busca da sabedoria e de novos mundos é uma causa nobre. Foram o sonho e a coragem de concretizá-lo que moveram o Homem ao longo dos séculos e continuarão a guiá-lo pelos tempos vindouros. Foi com esses valores que se conseguiram grandes feitos e é graças a eles que há hoje civilização. Se, aliás, estes não existissem, não estaríamos agora a ter esta discussão, pois nem a própria língua existiria.
Como todos sabemos a morte é a única certeza que temos, logo por que não fazer com que a vida tenha algum sentido? Porquê ficar parado à espera que a morte venha?
Tudo o que temos hoje, todos os grandes feitos ao longo da História devem-se a homens com um espírito sonhador, curioso e corajoso, e de aventura e de luta pela busca de novos mundos e novas artes e engenho. Porque a História fez-se com riscos, que podemos dizer hoje que valeram a pena, assim como o mesmo dirão dos que enfrentaremos as gerações vindouras.

Inês disse...

Inês, André e Carlos 12ºH
GRUPO 1 - REFLEXÃO NO CANTO V, EST. 94 A 100
O tema central das reflexões do poeta nestas estrofes é o dom dos portugueses para a luta, mas a falta deste para a escrita, para contar os seus grandes feitos.
O poeta defende que Portugal tem homens comparáveis a Cipião, César, etc., na robustez e dureza, ou seja, na luta, mas no que diz respeito à sensíbilidade artística, à intelectualidade e ao pensamento, os portugueses não têm esses dons. para exemplificar esta tese, o poeta dá exemplos de generais, imperadores, etc., que defenderam a sua pátria lutando, mas também a valorizaram contando os seus feitos, escrevendo-os.
Para a ausência deste dom nos portugueses, Camões dá uma razão. É esta a de que por não conhecerem a arte, por não a entenderem, não a estimam e não a criam.
A critica do poeta pode ser remontada à actualidade, pois ainda hoje existem portugueses, que, por não serem esclarecidos culturalmente, não demonstram interesse pela arte, e por isso, não a criam nem a estimam.

Anónimo disse...

Inês, André e Carlos

Como havia dito em aula, o vosso trabalho está bem e faz uma ponte interessante com o nosso tempo, optando por generalizar, como o fazia, aliás, o próprio Velho do Restelo.
Creio que com o estudo de "Mensagem" consolidaram ainda estas vosas reflexões.

Atenção ao final:
"assim como o mesmo dirão dos que enfrentaremos as gerações vindouras".
Fazem falta vírgulas ou mudança de posição do complemento directo:
Ou
"assim como o mesmo dirão, dos que enfrentaremos, as gerações vindouras."
OU:
"assim como o mesmo dirão as gerações vindouras dos que enfrentaremos."
NS

Noémia Santos disse...

Inês, André e Carlos 12ºH

Boa interpretação das reflexões do Poeta de cuja leitura ficaram encarregados.
Atenção, no entanto, ao final: emendar o erro de vocabulário em "remontada" (confiram com dicionário) e pór acento em crítica.
"A critica do poeta pode ser remontada à actualidade". Em caso de dúvida, consultem-me.