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02 fevereiro 2014

A literatura é viver num desconforto?


A literatura funciona como uma arma que destrói um quotidiano monótono e, com isso, melhora os relacionamentos e a afetividade com os outros.

 Kadinsky, Sem Título (Primeira aguarela abstracta), 1910 (1913)

Um quotidiano monótono é pouco interessante mas confortável, enquanto uma vida em paralelo com a literatura é desconfortante e faz-nos pensar e agir de outra forma, fora da automatização. A literatura transmite-nos ideias controversas que nos impedem de continuar na indiferença. O conhecido romance As intermitências da morte, de José Saramago, reflete sobre a morte e, ao contrário do que esperaríamos, um mundo sem fim, que é o que o Homem procura, tornar-se-ia num autêntico caos, um inferno onde acabaríamos por pedir para a morte “voltar a matar”. São estes casos que nos fazem refletir e alterar uma opinião que pode mudar a nossa forma de ver o Mundo.

Romances como o acima referido permitem-nos abandonar o nosso próprio olhar sobre o mundo e olhar o mundo com os olhos dos outros e, desta forma, compreender a vida e o Homem com maior facilidade. São os bons romances, que evidenciam as diferenças culturais e étnicas, que nos ajudam a aceitar e compreender o outro e a melhorar a afetividade e relacionamento, sem preconceito. Ainda o que há de polémico na literatura, ou seja, todo o universo de ideias disputáveis, conduz à discussão e, com isso, torna-nos cidadãos com espírito crítico, responsabilidade, independência e difíceis de persuadir, o que nos permite viver melhor em sociedade.


Filipe Ferreira
Luís Henriques
Patrícia Antunes
Vera Neves 12ºA
19 Outubro, 2011 22:48


2 comentários:

Anónimo disse...

Antes de mais, felicitações pelo vosso texto. Gostávamos contudo de vos chamar a atenção para o facto de a literatura não ser completamente "milagrosa".

É certo que a literatura traz muitos benefícios, mas será que tem a capacidade de resolver todos os conflitos sociais?

Se olharmos para as grandes guerras, grande parte delas têm fundamento em livros, tais como a Bíblia e o Alcorão. Também ninguém duvida que Hitler era excessivamente culto - contudo as suas ideias derivaram de uma má interpretação de leitura, impulsionando a segunda guerra mundial.

Trabalho realizado por:
Inês Vieira
João José
José Freitas
Rodolfo Pereira

Anónimo disse...

Inês e grupo

O vosso ponto de vista é interessante e merece discussão. A literatura não "salva" por si só, e há inúmeros casos de más interpretaç~oes de leitura com resultados desastrosos.

Em termos semânticos não creio que o advérbio que empregam esteja adequado: "excessivamente culto" - por qu^^e "excessivamente"? O que é excesso em relação a ser culto?

prof.NS