Para
apoiar as equipas de trabalho que têm em mãos poemas onde seja
relevante a ideia do Quinto Império/da Teoria dos Impérios... nada
melhor que conhecermos o que F.P. pensava do assunto.
O OUTRO IMPÉRIO
Não
sei se há progresso, nem ninguém sabe o que se entende pela palavra
progresso, seja como for o que isso for [?I em sociologia não há
progresso, pois que não pode haver progresso ou qualquer outra coisa que
não existe. Filhos do Caos e da Noite, o erro e a dúvida são o nosso
pão de cada dia [...]
Estamos [...] onde já estavam os gregos, salvo que a complicação dos
nossos fenómenos sociais faz que forçosamente observemos muito menos
bem, e a nossa indisciplina mental que necessariamente raciocinemos
muito pior.
O espírito humano tem uma ânsia natural de conhecer;
revela-o a criança insistentemente, e a criança — ser absurdo,
sentimental e desamparado — é o tipo exacto (perfeito) da humanidade.
Pode dizer-se, corrigindo um exagero retórico da Igreja, que o homem é
um animal que aspira a ser racional. Resto, talvez, daquele fogo divino
que Prometeu parece não ter tido tempo suficiente para [...] A distribuir equitativamente entre os homens..."
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional.Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta
e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.)
Lisboa: Ática, 1979- 93.
Disponível no Arquivo Pessoa, Casa Fernando Pessoa, URL:< http://arquivopessoa.net/textos/3320>;
A interpretação inicial dos cinco impérios
"...A
divisão é: Império Grego (sintetizando todos os conhecimentos, toda a experiência
dos antigos impérios pré-culturais); o Império Romano (sintetizando toda a
experiência e cultura gregas e fundindo em seu âmbito todos os povos
formadores, já ou depois, da nossa civilização); o Império Cristão
(fundindo a extensão do Império Romano com a cultura do Império Grego, e
agregando-lhe elementos de toda a ordem oriental, entre os quais o elemento
hebraico); e o Império Inglês (distribuindo por toda a terra os resultados dos
outros três impérios, e sendo assim o primeiro de uma nova espécie de síntese
O
Quinto Império, que necessariamente fundirá esses quatro impérios com tudo
quanto esteja fora deles, formando pois o primeiro império verdadeiramente
mundial, ou universal.
Este
critério tem a confirmá-lo a própria sociologia da nossa civilização. Esta
é formada, tal qual está hoje, por quatro elementos: a cultura grega, a ordem
romana, a moral cristã, e o individualismo inglês. Resta acrescentar-lhe o espírito
de universalidade, que deve necessariamente surgir do carácter policontinental
da actual civilização. Até agora não tem havido senão civilização
europeia; a universalização da civilização europeia é forçosamente o
mister do Quinto Império."
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional.
Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel
Rocheta
e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979-41.
Disponível no Arquivo Pessoa, Casa Fernando Pessoa, URL:<;http://arquivopessoa.net/textos/3415>;
e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979-41.
Disponível no Arquivo Pessoa, Casa Fernando Pessoa, URL:<;http://arquivopessoa.net/textos/3415>;
Nota: Os destaques, a negrito, são da nossa responsabilidade.
1ª imagem: Pintura de Saulo Silveira - https://perspectivasdoolhar.blogspot.pt/2016/06/a-arte-e-o-que-emociona-faz-brilhar-os_88.html
2ª imagem - http://www.pickywallpapers.com/digital-art/city-on-the-head-picture/