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24 setembro 2020

Pessoa e o 5º Império

Para apoiar as equipas de trabalho que têm em mãos poemas onde seja relevante a ideia do Quinto Império/da Teoria dos Impérios... nada melhor que conhecermos o que F.P. pensava do assunto.
O OUTRO IMPÉRIO
"[...] Ignoramos por completo como é que as sociedades nascem, como e por que crescem, como e por que morrem, partindo, é claro, de que se possa dizer [que] elas deveras nascem, crescem e morrem, o que ninguém pode ao certo afirmar. [...] 
Não sei se há progresso, nem ninguém sabe o que se entende pela palavra progresso, seja como for o que isso for [?I em sociologia não há progresso, pois que não pode haver progresso ou qualquer outra coisa que não existe. Filhos do Caos e da Noite, o erro e a dúvida são o nosso pão de cada dia [...]
Estamos [...] onde já estavam os gregos, salvo que a complicação dos nossos fenómenos sociais faz que forçosamente observemos muito menos bem, e a nossa indisciplina mental que necessariamente raciocinemos muito pior.
O espírito humano tem uma ânsia natural de conhecer; revela-o a criança insistentemente, e a criança — ser absurdo, sentimental e desamparado — é o tipo exacto (perfeito) da humanidade. Pode dizer-se, corrigindo um exagero retórico da Igreja, que o homem é um animal que aspira a ser racional. Resto, talvez, daquele fogo divino que Prometeu parece não ter tido tempo suficiente para [...] A distribuir equitativamente entre os homens..."

Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional.Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta 
e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979- 93. 
Disponível no Arquivo Pessoa, Casa Fernando Pessoa, URL:< http://arquivopessoa.net/textos/3320>;
A interpretação inicial dos cinco impérios

"...A divisão é: Império Grego (sintetizando todos os conhecimentos, toda a experiência dos antigos impérios pré-culturais); o Império Romano (sintetizando toda a experiência e cultura gregas e fundindo em seu âmbito todos os povos formadores, já ou depois, da nossa civilização); o Império Cristão (fundindo a extensão do Império Romano com a cultura do Império Grego, e agregando-lhe elementos de toda a ordem oriental, entre os quais o elemento hebraico); e o Império Inglês (distribuindo por toda a terra os resultados dos outros três impérios, e sendo assim o primeiro de uma nova espécie de síntese

O Quinto Império, que necessariamente fundirá esses quatro impérios com tudo quanto esteja fora deles, formando pois o primeiro império verdadeiramente mundial, ou universal.

Este critério tem a confirmá-lo a própria sociologia da nossa civilização. Esta é formada, tal qual está hoje, por quatro elementos: a cultura grega, a ordem romana, a moral cristã, e o individualismo inglês. Resta acrescentar-lhe o espírito de universalidade, que deve necessariamente surgir do carácter policontinental da actual civilização. Até agora não tem havido senão civilização europeia; a universalização da civilização europeia é forçosamente o mister do Quinto Império."
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta 
e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979-41. 
Disponível no Arquivo Pessoa, Casa Fernando Pessoa, URL:<;http://arquivopessoa.net/textos/3415>;

Nota: Os destaques, a negrito, são da nossa responsabilidade.
1ª imagem: Pintura de Saulo Silveira - https://perspectivasdoolhar.blogspot.pt/2016/06/a-arte-e-o-que-emociona-faz-brilhar-os_88.html
2ª imagem - http://www.pickywallpapers.com/digital-art/city-on-the-head-picture/

1 comentário:

Noémia Santos disse...

Por hoje, creio que não chegarão pedidos relativos aos trabalhos.
Espero que seja sinal de que tudo correu bem.

Amanhã, voltarei aqui ao final da tarde, para ver se há dúvidas.