Fica informação suplementar sobre as questões levantadas na aula de Gramática: |
- Orações completivas com função de sujeito |
- O caso das orações não finitas com a função de sujeito |
- Como distinguir complemento e modificador |
Pergunta
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Tenho
alguma dificuldade em definir o sujeito e o complemento direto em frases do
tipo:
«É
aconselhável que se faça a prevenção rodoviária.»
«É
obrigatório que se respeitem os sinais de trânsito.»
«Que tu
tenhas estudado deu muita alegria aos teus pais.»
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Resposta do CIBERDÚVIDAS DA LÍNGUA
PORTUGUESA
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As frases que apresenta são muito interessantes. (…) Qualquer
delas tem um sujeito bem definido. Do ponto de vista sintático, entenda-se.
São frases que têm como sujeito uma oração completiva, que pode ser
substituída pelo pronome isto ou
isso em posição pré-verbal, como se verifica em 1.1, 2.1 e 3.1.
1 — «É
aconselhável que se faça a prevenção rodoviária.»
1.1 — «Isso é aconselhável.»
Sujeito —
«que se faça a prevenção rodoviária».
Predicado — «é aconselhável». Predicativo do sujeito — «aconselhável».
Frases que
têm como predicado um verbo copulativo seguido de necessário, provável, aconselhável,
obrigatório, preciso, etc. têm, na sua estrutura
habitual, o sujeito em posição pós-predicado. Este sujeito pode ser uma
oração completiva com função de sujeito, como é o caso nos exemplos que
apresenta. Pode ainda ser uma oração infinitiva, em frases como «É
aconselhável fazer uma pausa», em que «fazer uma pausa» é o sujeito.
2 — «É
obrigatório que se respeitem os sinais de trânsito.»
2.1 — «Isso é obrigatório.»
Sujeito —
«que se respeitem os sinais de trânsito».
Predicado — «é obrigatório».
3 — «Que
tu tenhas estudado deu muita alegria aos teus pais.»
3.1 — «Isso deu muita alegria aos teus pais.»
Sujeito —
«Que tu tenhas estudado».
Predicado — «deu muita alegria aos teus pais».
Repare que em qualquer dos exemplos o predicado está (…) completo.
Em 1 e 2, o verbo copulativo pede um predicativo do sujeito que está
expresso, prospetivamente por aconselhável
e obrigatório. Em 3, o verbo dar, transitivo direto e indireto,
pede complemento direto — «muita alegria» — e complemento indireto — «aos
teus pais» —, ambos expressos.
NOTA: grafia atualizada |
ORAÇÕES NÃO FINITAS
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Por outro lado, ainda, julgo que é importante termos em conta
que as orações completivas podem ser finitas ou não finitas.
As não
finitas (ou reduzidas) são as que não se iniciam por relativo nem por
conjunção subordinativa, e que têm o verbo numa das formas nominais — Infinitivo
(flexionado ou não flexionado), Gerúndio ou Particípio. Ex.:
«[O filme ter
ganho o festival] foi surpreendente»
«[Isso] foi surpreendente»
«Os pais
disseram aos miúdos [para virem para casa cedo]»
«Os pais disseram[-no] aos miúdos»
Finalmente,
é de referir que, como se pode constatar, as orações completivas podem ser
selecionadas:
por verbos (ex.: afirmar, alegar, assegurar, prometer,
propor, sugerir, pedir, perguntar, detestar, gostar, lamentar, ...),
por adjetivos (ex.: possível, ...),
ou por nomes (ex.: verdade, ...).
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Pergunta
(oração não
finita, infinitiva, com função de sujeito)
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No período «Só lhe
restava jogar-se ao mundo», qual é classificação
da segunda oração? Por quê?
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A oração «jogar-se ao mundo» é uma oração
subordinada substantiva completiva verbal não finita, com a função de
sujeito.
— Substantiva, porque desempenha a função típica
de um nome;
— Completiva, porque completa o sentido da oração
«só lhe restava»;
— Verbal, porque completa o sentido do verbo restar;
— Não finita, porque o verbo jogar-se se
encontra no modo infinitivo;
— Função
de sujeito, porque se
substituirmos essa oração por um grupo nominal, verificamos uma alteração na
flexão verbal, por exemplo: «só lhe restavam dois exames.»
- O
pronome pessoal lhe é o complemento indireto do verbo restar, e a oração não finita «jogar-se
ao mundo» é o seu sujeito.
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Fonte dos três quadros iniciais:CIBERDÚVIDAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
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