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28 setembro 2015

"Os Lusíadas" - Dedicatória

A dedicatória não era um elemento estrutural obrigatório do género épico, mas Luís de Camões dedica o seu poema ao rei D. Sebastião, a quem louva pelo que representa para a independência de Portugal e para o aumento do mundo cristão; pela ilustre geração (ascendência) a que pertence e ainda pelo vasto Império de que é senhor.
Sobretudo as três primeiras estrofes têm um carácter laudatório.

Na breve exposição que faz ao rei do assunto d’Os Lusíadas, o poeta destaca que a obra não versará heróis e factos lendários ou fantasiosos, como as epopeias antigas, mas matéria histórica.
Termina o seu discurso incitando o Rei a estar à altura e a dar continuidade aos feitos  dos portugueses, nomeadamente, combatendo os mouros; depois renova o pedido para que que leia os seus versos em louvor da pátria.

Mais do que o tom laudatório, marca o destaque dado aos portugueses - objeto do poema em presença - esses sim, mais valiosos que todo o «mundo» - "E julgareis qual é mais excelente,/Se ser do mundo Rei, se de tal gente": mais do que o império, o poder, Camões canta o valor, a obra feita, a excelência dos heróis.


O discurso da Dedicatória organiza-se segundo a lógica:
  • louvor
  • apelo de carácter pessoal e argumentos justificativos
  • apelo de carácter nacional 
  • reforço do apelo pessoal.
Esta parte do poema apresenta uma estrutura própria do género oratório: 
  1. exórdio, que corresponde ao início do discurso (6 a 8); 
  2. exposição ou corpo do discurso (9 a 11); 
  3. confirmação, com a apresentação de exemplos e ou argumentos (12 a 14) 
  4. epílogo ou conclusão (15 a 17). 

LINGUAGEM:
  • vocativo «vós» - segunda pessoa do plural
  • modo imperativo (“Ouvi”) - associado aos apelos
  • a linguagem hiperbólica 
  • as apóstrofes (“ó bem nascida segurança”,ó novo temor da Maura lança), características da oratória, associadas à perífrase.
  • o léxico associado quer aos louvores, quer à detração dos feitos não reais, inventados -  vãs façanhas, fantásticas, fingidas, mentirosas, sonhadas, fabulosas



D. Sebastião é apresentado como um jovem rei -  tenro gesto, tenro e novo ramo - que ainda nada concretizou, mas de quem tudo se espera, rei que a providência faz surgir para retomar o vigor dos antepassados e salvar a pátria  da crise em que já se encontrava.

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