A
dedicatória não era um elemento estrutural obrigatório do género épico,
mas Luís de Camões dedica o seu poema ao rei D. Sebastião, a
quem louva pelo que representa para a independência de Portugal e para o
aumento do mundo cristão; pela ilustre geração (ascendência) a que pertence e
ainda pelo vasto Império de que é senhor.
Sobretudo as três primeiras estrofes têm um carácter laudatório.
Na breve exposição que faz ao rei do assunto d’Os Lusíadas, o poeta destaca que a obra não versará heróis e
factos lendários ou fantasiosos, como as epopeias antigas, mas
matéria histórica.
Termina o seu
discurso incitando o Rei a estar à altura e a dar continuidade aos feitos dos
portugueses, nomeadamente, combatendo os mouros; depois renova o pedido para que
que leia os seus versos em louvor da pátria.
Mais do que o tom laudatório, marca o destaque dado aos portugueses - objeto do poema em presença - esses sim, mais valiosos que todo o «mundo» - "E julgareis qual é mais excelente,/Se ser do mundo Rei, se de tal gente": mais do que o império, o poder, Camões canta o valor, a obra feita, a excelência dos heróis.
O
discurso da Dedicatória organiza-se segundo a lógica:
- louvor
- apelo de carácter pessoal e argumentos justificativos
- apelo de carácter nacional
- reforço do apelo pessoal.
- exórdio, que corresponde ao início do discurso (6 a 8);
- exposição ou corpo do discurso (9 a 11);
- confirmação, com a apresentação de exemplos e ou argumentos (12 a 14)
- epílogo ou conclusão (15 a 17).
LINGUAGEM:
- vocativo «vós» - segunda pessoa do plural
- modo imperativo (“Ouvi”) - associado aos apelos
- a linguagem hiperbólica
- as apóstrofes (“ó bem nascida segurança”,ó novo temor da Maura lança), características da oratória, associadas à perífrase.
- o léxico associado quer aos louvores, quer à detração dos feitos não reais, inventados - vãs façanhas, fantásticas, fingidas, mentirosas, sonhadas, fabulosas
D. Sebastião é apresentado como um jovem rei -
tenro gesto, tenro e novo ramo - que ainda nada concretizou, mas de quem tudo se espera, rei que a providência faz surgir
para retomar o vigor dos antepassados e salvar a pátria da crise em que já se
encontrava.
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