A pedido de alguns de vós, ficam mais informações sobre os livros propostos para o Contrato de Leitura.
- George Orwell, 1984
(Livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para o Ensino Secundário como sugestão de leitura).
"Era um dia frio e luminoso de abril, e os relógios davam 13 horas."
Assim começa um dos romances mais citados do século 20. A frase não refere o
ano da ação, mas não é necessário, pois ele dá nome à obra: 1984. Winston, herói de 1984, vive
aprisionado numa sociedade completamente
dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada um
vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão. (...) Winston é funcionário do Departamento de Documentação do Ministério da Verdade,
um dos quatro ministérios que governam Oceânia, e a sua função é falsificar
registros históricos, a fim de moldar o passado à luz dos interesses do
presente.
Eis uma passagem:
O Ministério da Verdade - Miniver, em Novafala - era extraordinariamente
diferente de todos os outros objetos à vista. (...) Do lugar onde
Winston estava mal dava para ler, escarvados na parede branca em letras
elegantes, os três slogans do Partido:
GUERRA É PAZ
LIBERDADE É ESCRAVIDÃO
IGNORÂNCIA É FORÇA
Comentava-se que o Ministério da Verdade continha três mil salas acima do nível do solo e ramificações equivalentes abaixo. Em Londres havia somente três outros edifícios de aparência e dimensões equivalentes. (...) Eram as sedes dos quatro ministérios entre os quais se dividia a totalidade do aparato governamental. O Ministério da Verdade, responsável por notícias, entretenimento, educação e belas-artes. O Ministério da Paz, responsável pela guerra. O Ministério do Amor, ao qual cabia manter a lei e a ordem. E o Ministério da Pujança, responsável pelas questões económicas. Seus nomes, em Novafala: Miniver, Minipaz, Minamor e Minipuja.(...)
Winston virou-se abruptamente. Compusera a própria fisionomia de modo a ostentar a expressão de tranquilo otimismo que convinha ter no rosto sempre que se encarasse a teletela.
GUERRA É PAZ
LIBERDADE É ESCRAVIDÃO
IGNORÂNCIA É FORÇA
Comentava-se que o Ministério da Verdade continha três mil salas acima do nível do solo e ramificações equivalentes abaixo. Em Londres havia somente três outros edifícios de aparência e dimensões equivalentes. (...) Eram as sedes dos quatro ministérios entre os quais se dividia a totalidade do aparato governamental. O Ministério da Verdade, responsável por notícias, entretenimento, educação e belas-artes. O Ministério da Paz, responsável pela guerra. O Ministério do Amor, ao qual cabia manter a lei e a ordem. E o Ministério da Pujança, responsável pelas questões económicas. Seus nomes, em Novafala: Miniver, Minipaz, Minamor e Minipuja.(...)
Winston virou-se abruptamente. Compusera a própria fisionomia de modo a ostentar a expressão de tranquilo otimismo que convinha ter no rosto sempre que se encarasse a teletela.
- Dulce Maria Cardoso, O Retorno
( Livro recomendado Plano Nacional de Leitura para alunos do Ensino Secundário, como sugestão de leitura.)
Críticas de imprensa
«É
muito, muito difícil um livro assustar-nos e comover-nos desta forma.
Comover-nos com a fragilidade daquela mãe, com a sua necessidade de
acreditar que o pai vai voltar. Comover-nos com as lágrimas de uma miúda
que é apalpada por ser retornada. Com a amizade entre o puto e o
porteiro do hotel que lhe oferece uma bicicleta velha. Com aquela irmã
que tenta fingir que é de “cá”. (...) É um país pequeno, desconfio que
pouco sereno, neurótico porque rejeita a sua agressividade, mas é também
um país que tem meia dúzia de pessoas que se recusam a enterrar a
cabeça na areia, que retiram camadas à mentira que cobre os nossos dias.
É gente de coragem, é gente de brio. É gente como Dulce Maria Cardoso
que, a partir deste O Retorno, deve ser incluída no panteão dos escritores maiores, aqueles que escrevem com vísceras.»
João Bonifácio, Público, 5 estrelas
«Dulce Maria Cardoso encontra o registo certo em todas as cenas, emocionado e seco, triste e orgulhoso, cheio de culpa e incerteza, de palavras africanas que eram o português angolano, de recordações epocais, como fotonovelas ou marcas de uísque. É essa história visivelmente vivida, sem demagogia nem rasuras, que faz de O Retorno um romance há muito aguardado.»
Pedro Mexia, Expresso, 4 estrelas
João Bonifácio, Público, 5 estrelas
«Dulce Maria Cardoso encontra o registo certo em todas as cenas, emocionado e seco, triste e orgulhoso, cheio de culpa e incerteza, de palavras africanas que eram o português angolano, de recordações epocais, como fotonovelas ou marcas de uísque. É essa história visivelmente vivida, sem demagogia nem rasuras, que faz de O Retorno um romance há muito aguardado.»
Pedro Mexia, Expresso, 4 estrelas
In WOOK, http://www.wook.pt/ficha/o-retorno/a/id/12835915
“O Retorno” é um
romance que aborda o tema delicado e polémico que foi para Portugal
a descolonização, o fim do Império Ultramarino e o conturbado
regresso dos Portugueses que habitavam as colónias, após a
Revolução de Abril de 1974.
A trama do romance é desenvolvida pela
voz de Rui, narrador auto-diegético, cuja missão é a de relatar o
regresso da família de Angola, no período “quente” em que
ameaça explodir a Guerra Civil mediante a cisão política que
grassa em Angola, após o fim imediato da Guerra do Ultramar. No
discurso de Rui está patente sobretudo uma perigosa dose de
inconformismo, que ameaça transformá-lo um ser inadaptado, ao
chegar à capital portuguesa, mas que acaba por se sublimar num
implacável instinto de sobrevivência. Este inconformismo provém-lhe
sobretudo do facto de milhares de portugueses residentes em Angola
serem condenados ao exílio, para não morrerem às mãos dos locais,
destacando o sentimento de impotência do narrador face à
fragilidade física e psíquica da mãe, agravada ainda mais pela
sensação de desenraizamento e perda de todos os bens.
(...)
Cláudia de Sousa Dias, in http://hasempreumlivro.blogspot.pt/2013/07/o-retorno-de-dulce-maria-cardoso-tinta.html
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