1-A causa da morte de Maria foi a vergonha ou foi a doença ?
Filha do casamento entre D. Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena de Vilhena, é uma criança sensível, curiosa, risonha, de espírito agudo, extremamente intuitiva, com grande idealismo e um alto sentimento patriótico.
Até à catástrofe, que é desencadeada pelo regresso de D. João de Portugal, os seus pressentimentos contribuem para acumular indícios e adensar o clima trágico.
No final, quando irrompe pela cerimónia em que os pais tomam o hábito religioso, Maria diz que morre "de vergonha". É uma forma de adensar o drama, com a vergonha a recair na mais inocente das personagens. Todavia, desde o início da peça que Garrett nos prepara para a sua doença e os indícios de progressiva debilidade vão sendo adensados, sobretudo com a viagem a Lisboa e suas consequências. Assim, percebe-se que morre pelo agravamento do seu estado, extingue-se na aflição da dor que lhe causa toda a situação.
É como se Maria trouxesse em si a morte anunciada, desde o início. Ela é fruto daquele amor «impossível» e não sobrevive ao seu fim.
2- O clímax da obra situa-se em que parte concreta... ?
A maioria dos estudos referem que em FLS - como nas tragédias mais perfeitas - o climax e o reconhecimeno coincidem, praticamente. Assim:
O Climax (do gr. Klímax; quer dizer escada, gradação): é o ponto máximo, o auge do sofrimento.
A cena fulcral da peça está no final do segundo acto, corresponde ao momento do conhecimento de que D. João de
Portugal está vivo, o que vem precipitar o desenlace fatal: D. Madalena foge, horrorizada, ao saber D. João vivo, pois tanto lhe basta para perceber a desgraça - o fim da família/do amor.
O Reconhecimento (Anagnórise):
Corresponde à cena XV - a identificação do Romeiro como D. João de Portugal. É Frei Jorge quem faz a identificação:
“Frei Jorge - Romeiro, romeiro,
quem és tu? [note-se a repetição, indício da desconfiança quase certeza]
Romeiro (apontando com o bordão para o retrato de D. João de Portugal) - Ninguém!”
Imagem: a atriz Maria Sampaio, como Madalena, na cena XIV, do 2º ato)
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