As
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sensações que são bem
nossas são as sensações directas (...)
as que vêm directamente de ver, ouvir, cheirar, palpar, gostar
A frescura de impressões [aplicada a] uma
Natureza de ordem diversa. Assim, reparei que uma máquina é tão natural –
porque é tão real (...) – como uma árvore; e uma cidade como uma aldeia.
O que é essencial é sentir directamente e com
ingenuidade as coisas – árvores ou máquinas, campo ou cidade. A minha sensibilidade
predispõe-me a sentir a máquina mais do que a árvore, a cidade mais do que o
campo
A poesia é espanto, admiração,
como de um ser tombado dos céus, a tomar plena consciência de sua queda,
atónito diante das coisas.
Fernando Pessoa em "O Eu Profundo".
1910?
1910?
n
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inguém
nasce pertencendo a um sistema ou uma filosofia, nasce pertencendo a um cérebro
e a um sistema nervoso, e estes têm um modo de sentir e não uma religião, ou
uma estética, ou uma moral qualquer.
O
essencial é sentir directa e simplesmente. (...) Sinto o complexo, o anormal, o
artificial? É o meu modo de sentir.
Álvaro de Campos
[c. 1917, de uma carta a Caeiro]
A
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vida é uma viagem que uns
fazem em caixeiros-viajantes, outros em navios em lua de mel, e outros, como
eu, em tourists .
Eu atravesso a vida para olhar para ela. Tudo é
paisagem para mim, como para o bom tourist
– campos, cidades, casas, fábricas, luzes, bares, mulheres, dores, alegrias,
dúvidas, guerras.
Quero, para aproveitar a minha viagem, sentir o
maior número de coisas no mais pequeno espaço de tempo possível.
Sentir tudo de todas as maneiras, amar tudo de
todas as formas (...) passar [pelas coisas] e não olhar para trás.
1.
As sensações directas, as que vêm (...) de ver,
ouvir, cheirar, palpar, gostar
1.
Sinto o complexo, o anormal, o artificial? É o meu modo de sentir.
2.
A minha sensibilidade predispõe-me a
sentir a máquina mais do que a
árvore, a cidade mais do que o campo
3.
Sentir
tudo de todas as maneiras, amar tudo de todas as formas
4.
A
poesia encontra-se em todas as coisas
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