O poema "Não tenhas nada nas mãos" alude à demissão, ao desapego, ao desinteresse e ao relativismo das coisas que nos pertencem, incluindo as memórias, o passado que nos ressuscita fortes emoções. Essas fortes emoções, segundo Ricardo Reis, devem ser renunciadas no intuito de alcançar o equilíbrio e a tranquilidade.
O desinteresse pelos compromissos afetivos e sociais permite encarar pacificamente a trágica condição humana, efemeridade da vida "Que quando te puserem/Nas mãos o óbolo último,/Ao abrirem-te as mãos/Nada te cairá.".
A partir da quarta estrofe é destacada a influência do Destino, da vontade dos Deuses que expressam vontades inevitáveis "Que trono te querem dar/Que Átropos to não te tire?", e a fugacidade do tempo "Que horas te não tornem/Da estatura de sombra/Que serás quando fores/Na noite e ao fim da estrada.". (Continua)
12.B N.23