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19 dezembro 2017

Fernando Pessoa e eu: outrora-agora

Ilustração: Samuel Ventura
O meu ser está guardado num pequeno mas grande objeto. Este carrega uma parte da minha infância, um pouco do meu presente e, provavelmente, uma fatia do "eu futuro". Ele é nada mais nada menos que a minha primeira consola.
O seu pequeno azul reluzente era grande aos meus olhos e a diversão que me fornecia foi o suficiente para me agarrar a ele durante horas. Bons foram os tempos em que me embrenhava emergia no pequeno ecrã e descobria pequenas histórias que me mantinham curioso e sonhador, imaginando as probabilidades de eu poder ser o protagonista de um enredo fantasiado.
A pequena caixa esteve também presente nos meus momentos de pavor, abraçando-me com a sua luz que, ingenuamente, me protegia da imensa e fria escuridão. Foi também ela a responsável por formar muitas das minhas primeiras amizades, aquelas criadas entre mim e crianças que eram cativas das imagens que esta partilhava connosco ou ainda outras crianças que possuíam uma outra consola que permitia que nós usufruíssemos das suas sensações.
Este pequeno objeto azul não se encontra apenas sozinho e guardado na sua caixa, ele está também no meu coração. Foi ele que me ocupou e fez aprender, que me tornou no ser sonhador e distraído que sou hoje e é sobretudo nele que residem as ternurentas memórias de quem outrora fui.
SV
(Samuel Ventura)

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