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12 dezembro 2016

Refugiados

2016. Um grupo de refugiados chega à Alemanha
ESHN| PORTUGUÊS - 12º Ano | Leitura e reflexão temática – Artigo
Refugiados: a tragédia maior está a acontecer no Médio Oriente
«Enquanto a atenção do mundo está fixada nas dezenas de milhares de refugiados sírios que acorrem à Europa, uma crise potencialmente muito mais profunda desenrola-se nos países do Médio Oriente que carregam o fardo do fracasso mundial para resolver a guerra na Síria.
Os que chegam à Europa representam uma pequena percentagem dos quatro milhões de sírios que fugiram para o Líbano, Jordânia, Turquia e Iraque, transformando a Síria na maior fonte de refugiados em todo o mundo e na pior crise humanitária em mais de quatro décadas. À medida que o conflito entra no quinto ano, as agências humanitárias, os países que acolhem os refugiados e os próprios sírios começam a aperceber-se de que a maioria não regressará a casa num futuro próximo, confrontando a comunidade internacional com uma crise de longo prazo para a qual não tem respostas capazes e que pode revelar-se profundamente desestabilizadora, quer para a região quer para o mundo em geral.(...)
“Isto não é vida”
Esta é uma crise cujos verdadeiros custos ainda não estão claros.
Sem ajuda, refugiados sem nada espalham-se por cidades, vilas e quintas do Médio Oriente, numa recordação visível da negligência mundial. Amontoam-se nas ruas de Beirute, Istambul, Amã e nas cidades e aldeias entre elas, vendendo lenços de papel, rosas ou simplesmente mendigando por trocos.
Mães com crianças ao colo dormem junto aos sinais de trânsito, debaixo de pontes, em parques de estacionamento e à porta das lojas. Famílias acampam em quintas abrigando-se com toldos de plástico, bocados de madeiras ou velhos cartazes de publicidade a restaurantes, filmes, apartamentos e a outros pedaços de vidas que podem nunca mais vir a viver.
“Isto não é vida”, diz Jalimah Mahmoud, de 53 anos, que vive de esmolas juntamente com a sua neta de sete anos em Al-Minya, um campo de tendas construídas à pressa junto a uma autoestrada costeira no Norte do Líbano. “Estamos vivos apenas porque ainda não morremos.”
Quando lá chegam repetem, a uma escala menor, as cenas de miséria que se desenrolam por todo o Médio Oriente – acampam nas praias da Grécia, dormem nas ruas de cidades europeias e amontoam-se em filas pedindo asilo.
Inevitavelmente, os que podem vão-se embora. As famílias juntam as suas poupanças, pedem emprestado aos amigos para pagar aos contrabandistas que os amontoam em barcos que atravessam o Mediterrâneo com destino à Europa e à hipótese de uma vida melhor.
Futuro adiado
O risco para a estabilidade dos já frágeis e voláteis países que foram tomados por esta vaga de miséria humana é evidente. Cerca de 750 mil crianças não vão à escola, os pais estão a perder anos de vida ativa e os adolescentes estão a crescer sem esperança de encontrar trabalho a tempo inteiro.
A crise dura há já tanto tempo que algumas crianças se esqueceram de onde são. Rashid Hamadi, de 9 anos, lembra-se da sua casa, com quartos para ele e os irmãos, um jardim onde cresciam rosas. Lembra-se também dos tanques e das balas, de correr com medo das bombas. Mas hesita quando lhe perguntamos o nome da sua cidade natal. “Não me lembro”, diz.
Bushra, uma das filha de Ali, tem 11 anos e está a esquecer-se de como se lê. Há três anos, quando frequentava a escola na Síria, a leitura era a sua disciplina preferida, diz.
O seu rosto ilumina-se quando vai buscar o único material de leitura ao fundo da tenda sombria da família – um panfleto antitabagista distribuído por uma organização de caridade islâmica. À medida que os dedos percorrem as palavras, a voz falha. “Consigo ler cada vez menos”, diz. “E está a tornar-se cada vez mais difícil.”»
Liz Sly (Al-Minya, Líbano )
(Com Suzan Haidamous e Sam Rifaie)
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Ler notícia completa em: https://www.publico.pt/mundo/noticia/a-tragedia-maior-esta-acontecer-no-medio-oriente-1706942

 mapa específico dos refugiados sírios
(a guerra na Síria já leva mais de 5 anos)
 mapa das zonas de conflito e fuga das populações

 mapa relativo aos números de pedidos de asilo


Vocabulário
«Refugiado»
"De acordo com a Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados (de 1951), são refugiados as pessoas que se encontram fora do seu país por causa de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou participação em grupos sociais, e que não possa (ou não queira) voltar para casa.

Posteriormente, definições mais amplas passaram a considerar como refugiados as pessoas obrigadas a deixar seu país devido a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos."


«Asilo»

"Asilo político consiste no acolhimento de estrangeiro por parte de um Estado que não o seu, em virtude de perseguição por ele sofrida e praticada por seu próprio país ou por terceiro."



Créditos dos mapas:

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