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13 novembro 2007

Álvaro de Campos



- pistas para rever e ampliar o conhecimento das aulas -



"totalmente desconhecido dos antigos"

Traço sozinho, no meu cubículo de engenheiro, o plano,

Firmo o projecto, aqui isolado,

Remoto até de quem eu sou.


Álvaro de Campos, Dactilografia (19/12/1933)




Álvaro de Campos
  • é o “cantor da fúria e das vertigens da civilização mecânica” (Jacinto do Prado Coelho)
  • é “o futurista, o sensacionista, o cantor da civilização mais moderna (...) o tradutor do ímpeto, do movimento, da energia vital, comunicador de experiências de êxtase, libertador das mais secretas correntes aquáticas torrenciais” (António Quadros)
  • o alter ego corajoso de Fernando Pessoa ortónimo
Futurismo
"Movimento artístico e literário que teve origem no início do século XX, antes da Primeira Guerra Mundial, e que se desenvolve na Europa, sobretudo em Itália, com os trabalhos de F. T. Marinetti, que estudara em Paris (...); foi ele quem elaborou o primeiro manifesto futurista, publicado em Le Figaro, em 1909, cujo original em italiano contém as seguintes premissas:
1. Noi vogliamo cantare l’amor del pericolo, l’abitudine all’energia e alla temerità.
2. Il coraggio, l’audacia, la ribellione, saranno elementi essenziali della nostra poesia.
3. La letteratura esaltò fino ad oggi l’immobilità pensosa, l’estasi e il sonno. Noi vogliamo esaltare il movimento aggressivo, l’insonnia febbrile, il passo di corsa, il salto mortale, lo schiaffo ed il pugno.
4. Noi affermiamo che la magnificenza del mondo si è arricchita di una bellezza nuova: la bellezza della velocità. Un automobile da corsa col suo cofano adorno di grossi tubi simili a serpenti dall’alito esplosivo... un automobile ruggente, che sembra correre sulla mitraglia, è più bello della Vittoria di Samotracia.
[...]


Marinetti apelava não só a uma ruptura com o passado e com a tradição mas também exaltava um novo estilo de vida, de acordo com o dinamismo dos tempos modernos.
No plano literário, a escrita e a arte são vistas como meios expressivos na representação da velocidade, da violência, que exprimem o dinamismo da vida moderna, em oposição a formas tradicionais de expressão. [...]O futurismo contesta o sentimentalismo e exalta o homem de acção. [...] pelo elogio ao progresso, à máquina, ao motor, a tudo o que representa o moderno e o imprevisto.


Marinetti evoca a libertação da sintaxe e dos substantivos. É neste sentido que os adjectivos e os advérbios são abolidos, para dar mais valor aos substantivos. A utilização dos verbos no infinito, a abolição da pontuação, das conjunções, a supressão do “eu” na literatura e o uso de símbolos matemáticos são medidadas inovadoras. De igual modo, aparecem novas concepções tipográficas ao surgir a recusa da página tradicional.



O futurismo influenciou a pintura, a música e outras artes como o cinema. O cinema era então visto como uma nova arte de grande alcance expressivo.


(vê um excerto de Tempos Modernos, de Charlie Chaplin, evidentemente em outro registo - satírico, crítico)

O futurismo foi responsável pelo aparecimento de numerosos manifestos e exposições que provocaram escândalos.[...]

O futurismo difunde-se em vários outros países, para além da Itália e da França, incluindo Portugal. [...]Mário de Sá-Carneiro e Álvaro de Campos aderem ao futurismo, assim como José de Almada Negreiros com o Manifesto Anti-Dantas (1916), onde se apresenta como poeta futurista do Orpheu. [...]

Importa destacar as condições em que Fernando Pessoa reconhece o futurismo nas sua própria poesia. Em carta ao Diário de Notícias, esclarece: “O que quero acentuar, acentuar bem, acentuar muito bem, é que é preciso que cesse a trapalhada, que a ignorância dos nossos críticos está fazendo, com a palavra futurismo. Falar de futurismo, quer a propósito do primeiro número do Orpheu, quer a propósito do livro do Sr. Sá-Carneiro, é a coisa mais disparatada que se pode imaginar. (...) A minha Ode Triunfal, no primeiro número do Orpheu, é a única coisa que se aproxima do futurismo. Mas aproxima-se pelo assunto que me inspirou, não pela realização - e em arte a forma de realizar é que caracteriza e distingue as correntes e as escolas.” (Carta datada de 4-6-1915, in Obras em Prosa, vol.V, org. de João Gaspar Simões, Círculo de Leitores, Lisboa, 1987, pp.208-209).

Álvaro de Campos foi directamente influenciado por outra das grandes figuras de inspiração dos poetas futuristas, o norte-americano Walt Whitman. A revista Portugal Futurista sai logo de circulação pelo seu aspecto provocatório. [...] Com o desaparecimento prematuro de Amadeo e Santa-Rita Pintor, em 1918, e com a dispersão de outras personalidades do futurismo, este acabaria por se dissipar.

O texto sobre o Futurismo foi retirado, em 21 de Novembro/07, do sítio da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa a seguir indicado, e reproduzido com cortes.


A pedido de vários alunos, aqui deixo excertos da "Ode Marítima".


ODE MARÍTIMA
a Santa Rita Pintor
[...]
Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de verão,
Olho pró lado da barra, olho pró Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira.
Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo.
Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio,
Aqui, acolá, acorda a vida marítima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos de trás dos navios que estão no porto.
Há uma vaga brisa. Mas a minh'alma está com o que vejo menos,
Com o paquete que entra,
Porque ele está com a Distância, com a Manhã,
Com o sentido marítimo desta Hora,
Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma náusea,
Como um começar a enjoar, mas no espírito.
Olho de longe o paquete, com uma grande independência de alma,
E dentro de mim um volante começa a girar, lentamente.
Yeh eh-eh-eh-eh-eh! Yeh-eh-eh-eh-eh-eh! Yeh-eh-eheh-eh-eh-eh-eh!
Grita tudo! tudo a gritar! ventos, vagas, barcos,
Marés, gáveas, piratas, a minha alma, o sangue, e o ar, e o ar!
Eh-eh-eh-eh! Yeh-eh-eh-eh-eh! Yeh-eh-eh-eh-eh-eh! Tudo canta a gritar!
[...]
Parte-se em mim qualquer coisa. O vermelho anoiteceu.
Senti demais para poder continuar a sentir.
Esgotou-se-me a alma, ficou só um eco dentro de mim.
Decresce sensivelmente a velocidade do volante.
Tiram-me um pouco as mãos dos olhos os meus sonhos.
Dentro de mim há um só vácuo, um deserto, um mar noturno.
E logo que sinto que há um mar noturno dentro de mim,
Sabe dos longes dele, nasce do seu silêncio,
Outra vez, outra vez o vasto grito antiquíssimo.
De repente, como um relâmpago de som, que não faz barulho mas ternura,
Subitamente abrangendo todo o horizonte marítimo
Húmido e sombrio marulho humano noturno,
Voz de sereia longínqua chorando, chamando,
Vem do fundo do Longe, do fundo do Mar, da alma dos Abismos,
E à tona dele, como algas, bóiam meus sonhos desfeitos…

Álvaro de Campos

16 comentários:

Anónimo disse...

Olá

É só para avisar que as gravações - dos poemas ditos por actores e das lições/análises de poemas demora um pouco a descarregar; sejam pacientes ou façam outra coisa entretanto...
ns

Anónimo disse...

E...ainda:

Se quiserem começar a ensaiar o texto de opinião/a crítica (para treinar para a do livro que leram), podem usar os excertos dos vídeos que coloquei nesta "post" e escrever em COMENTÁRIO um texto breve com referência a:
tema;
motivos;
ambiente;
época retratada;
ligação com o que andamos a estudar - imagens do mundo "moderno";
interesse...

Anónimo disse...

Olá
Só agora posso deixar aqui o meu texto sobre a Ode Triunfal, pois antes ainda não tinha net! Peço desculpa pela demora!
Aqui fica o texto:

Neste poema está presente um desejo exaltado de sensações, de todas as sensações, de sentir tudo através de todos os sentidos; esta exaltação dá pelo nome de sensacionismo e apareceu com muitos outros -ismos no início do século XX.
Este excesso de sensações resulta assim num movimento frenético, extenuante e ruidoso dado através da adjectivação e da utilização de palavras concretas, como "maquinismos", "lâmpadas eléctricas", "engrenagens", "êmbolos", etc. Este movimento feroz é transmitido também pela antítese, presente, por exemplo, nos versos:"...tudo o que passa e nunca passa!" e "Do tumulto disciplinado das fábricas", e ainda pelo paradoxo, dado, por exemplo, pela expressão 2insinceramente sinceros".
Um dos recursos mais utilizados neste poema, e talvez o que mais dá a ideia de excesso de sensações, movimento extenuante e mistura de sentidos é a sinestesia. Os versos que mais transmitem este recurso e as ideias anteriormente referidas são os últimos versos deste excerto:"Como eu vos amo de todas as maneiras,/Com os olhos e com os ouvidos e com o olfacto/E com o tacto (o que palpar-vos representa para mim!)/E com a inteligência como uma antena que fazeis vibrar!/Ah, como todos os meus sentidos têm cio de vós!".
Em suma, na "Ode Triunfal", o poeta (quase que) deseja sair de si, sair do seu corpo e entrar em todos os mecanismos desta civilização febril e sedenta de evolução, de vanguardas, de movimento e mudança, o poeta quer sentir tudo, todas as sensações possíveis e impossíveis com todos os sentidos, quer sentir tudo de todas as maneiras.

Anónimo disse...

Uma excelente forma de aprender as leis da física e compreender os fenómenos naturais mais marcantes da nossa história.
"Breve história de quase tudo" desenrola-se numa exaustiva viagem feita pelo narrador para aprofundar alguns assuntos da ciência. Trata da física, geologia, biologia, química, sismologia... todas elas interligadas, tornando subtil a aprendizagem do leitor. Com a máxima organização e bastante dinâmica, este livro relata os mais curiosos detalhes com uma enorme brevidade e eficácia, tais como a teoria da relatividade ter surgido de uma aposta entre dois cientistas.
Apesar de o livro tratar destes assuntos de uma forma mais "soft" e com alguma ironia à mistura, o autor alia o rigor científico a uma linguagem mais acessível ao grande público.
Com a leitura desta grande obra de Bill Bryson, o leitor passa a ter outra percepção da ciência e das teorias cientificas, tornando a mente mais acolhedora às maravilhas da natureza, podendo assim observar e analisar novas propostas de investimento de uma forma mais consciente.

Anónimo disse...

Numa sociedade em que os livros eram proibidos, a opinião das pessoas era controlada pelo governo e onde a função dos bombeiros era queimar bibliotecas, Ray Bradbury apresenta-nos a história de um “soldado da paz” – Guy Montag – que lê um livro e, a partir desse momento, põe em causa a sua profissão e todo o seu modo de vida.
“Fahrenheit 451” é um livro ao estilo que Ray Bradbury nos habituou, em mais uma obra de ficção científica abordada de um modo particularmente especial, que remete a interpretação da mesma às entrelinhas e nos obriga a pensar na importância da cultura escrita na formulação de opiniões livres e diversificadas sobre todo o tipo de assuntos, de forma a enfrentar a vida de um modo activo. É uma ode à acção, à não passividade – no fundo, à individualidade e à opinião.
É uma obra que se manteve imortal devido à mensagem que transmite. A censura e a repressão são males que afligem, ainda hoje, muitas sociedades actuais.
É um livro aconselhado a leitores que gostam de desafios.

Noémia Santos disse...

Olá, Inês

Obrigada pelo envio do texto.
Tomei a liberdade de o publicar na página principal, para servir de exemplo e de estímulo.

Boas leituras. Vai vendo este espaço, porque vamos começar a publicar as crítias de livros.
NS

Noémia Santos disse...

Gustavo

Gostei bastante de ler o teu texto e, claro, vais ter de me emprestar o livro...(apesar de eu não ser da área, pensas que apanharei essencial?).

Melhoria:
Falta uma indicação inicial que refira autor e título, ou, em alternativa, uma breve referência em ante-texto, como vimos nos exemplos. Em síntese: quem lê a crítica deve saber desde logo do que se está a falar.
NS

Noémia Santos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Noémia Santos disse...

Gustavo
Esqueci-me de te dizer que achei muito interessante a escolha da expressão usada no final - "tornando a mente mais acolhedora às maravilhas da natureza".
Afinal, é para isso que servem os livros - para tornar a nossa mente "mais acolhedora".
ns

Noémia Santos disse...

Diana, João M. e C&A

Li a vossa 1ª versão da Crítica.

Gostei de vos ver trabalhar e segui com atenção as discussões orais e a ficha-guia, que apresenta referências correctas e leituras pertinentes.

Creio, pois, que podem ir mais longe no texto, em particular cuidando os aspectos seguintes:

1.Deve haver um início com referência concreta ao livro e autor. Se acham que prejudica o vosso arranque de texto (do qual gosto) podem fazer essa referência em ante-texto, como viram em alguns exemplos/modelos.

2.Em "um livro ao estilo que Ray Bradbury nos habituou, em mais uma obra" - pergunto: quantos livros de Bradbury já leram? Esta é de certeza "mais uma obra" das que leram dele?
Se assim não for, tirem, simplesmente a frase e substituam por uma formulação intelectualmente mais honesta.

3. Retirar uma das duas referências temporais, para evitar o pleonasmo em "ainda hoje, muitas sociedades actuais."

4. Creio que pela pressa do final da aula,há uma parte menos cuidada; assim, toda a formulação que se segue terá de ser melhorada, pois há problemas sintácticos:
” é um livro ao estilo que Ray Bradbury nos habituou, em mais uma obra de ficção científica abordada de um modo particularmente especial, que remete a interpretação da mesma às entrelinhas e nos ..."
Ex: "é um livro [...]em mais uma obra"[...]que remete a interpretação da mesma."

Bom trabalho.
NS

Anónimo disse...

Ao mesmo grupo

Sei que não gostaram do final. O João T. já mo havia dito e o grupo reiterou-o na ficha. Acham-no frouxo em relação oa conjunto da narrativa.

Duas recomendações/pedidos:
1. Arrisquem um final diferente (não mais do uma ou duas páginas).

2. Vejam o filme (como vos disse, pedi para mo arranjarem e vou tentar que mo entreguem com brevidade).

ns

Anónimo disse...

O livro d'"A Selva"

Já em crianças crescemos com "O Livro da Selva" de Rudyard Kipling, aquela bem conhecida história do menino criado por lobos que vive na selva e tem como amigos um urso e uma pantera; uma selva onde tudo floresce, tudo é verde e tudo é belo...
"Alberto", de Ferreira de Castro, também vive n'"A Selva", mas esta em nada se iguala à de Mogli. Esta selva aprisiona, "desumaniza" e tal como Ferreira de Castro o diz: "Daquela bárbara grandiosidade e da sua estranha beleza, uma só forte impressão ficava: a inicial, que nunca mais se esquecia e nunca mais também se voltava a sentir plenamente. Solo de constantes parturejamentos, obstinado na ânsia de criar, a sua cabeleira, contemplada por fora, sugeria vida liberta num mundo virgem, ainda não tocado pelos conceitos humanos; vista por dentro, oprimia e fazia anelar a morte."
Nunca estive numa selva, mas tal é a profundidade na descrição de Ferreira de Castro da floresta amazónica que qualquer pessoa consegue formar a imagem das suas palavras. É notável o esforço de Ferreira de Castro em conseguir "mostrar" a Selva de forma "quase- imparcial", uma vez que não a adjectiva segundo os seus gostos (bonita, feia, são adjectivos que F. Castro nunca utiliza, pois não a caracterizam verdadeiramente), mas tenta caracterizá-la de acordo com as impressões do protagonista (Alberto). Isto faz com que nós, leitores, não nos sintamos excluídos e possamos, "construir" as nossas próprias impressões.
Um livro cujo contexto espacio-temporal em nada se assemelha ao meu e, possivelmente ao seu, mas ainda assim actual, pois impõe a questão da humanidade e da justiça: até que ponto somos influenciados por aquilo que nos rodeia? Será a "Justiça" apenas uma?
É, sem dúvida, um livro meritório de apreço, pela sua história envolvente e, acima de tudo, pela forma como nos desperta e agita, não nos deixando passivos e indiferentes à realidade.
Diria até o "must-read" número 502!

Anónimo disse...

1984: O manifesto ao controlo

Esta obra fala de uma sociedade que vive controlada e manipulada constantemente e que se submite ao poder do “Grande Irmão”.
A escrita do livro é densa e profunda e embora seja altamente descritiva quem não conseguir penetrar neste mundo apocalíptico possivelmente não achará este livro interessante.
O que realmente desperta atenção ao leitor é o facto da sociedade retratada poder facilmente se encaixar nos parâmetros realistas do nosso mundo. Isto porque o leitor apercebe-se, desde o início do livro, que a estrutura social da Oceânia (país da personagem principal do livro) poderia muito bem ser vivida por nós neste momento ou noutro momento da história da humanidade. Isso é o que torna toda a leitura assustadora.
Embora o comunismo seja o alvo principal a abater de George Orwell, a crueldade e toda a crueza descrita poderá ter também leituras, como análises de políticas extremas de direita. Apercebemo-nos assim, com um pouco de reflexão, de que os extremos acabam sempre por se juntar.
O excessivo controlo e manipulação, que embora seja eticamente desprezível, é socialmente perfeito. E Orwell brinca com isso e com estas oposições. O alto controlo das classes mais altas, torna o mundo não só horrível, como também constante. A melhor forma de manter a Paz é com a Guerra. A liberdade prende-os. A ignorância faz a força.
É por isso que este livro é uma obra prestigiada da literatura mundial.

Anónimo disse...

Escrito no início da carreira literária de Giovanni Papini, entre 1907 e 1910, quando este se assumia como sendo um escritor de vanguarda, "Palavras e Sangue" é um livro onde este autor quebra todas as convenções e qualquer preconceito que pudessem existir nesta época.
Explorando vários temas relacionados com a Vida e o Pensamento, desde o amor à religião, cada um meditado em cada conto, Papini apresenta-nos sobre estes a sua reflexão e conclusões aliando a tragédia à comédia, tocando até o absurdo.
Com narrativas caricatas, mas belas, este livro apresenta-se ao leitor como um desafio aliciante, como um convite à reflexão, ao pensamento. Num estilo mordaz e audaz, de uma ironia e sabedoria desarmantes, Papini dá-nos vinte e quatro contos, que são alegorias a algumas verdades da Vida e do Pensamento. Neles a Razão está sempre presente de uma forma algo estranha. Uma Razão que. por vezes, parece não ter razão, parecendo talvez absurda, mas que é, quiçá, aquele sangue de que se fala no título, de onde brotam as palavras reveladoras e a reflexão sobre elas.
Contemporâneo de Fernando Pessoa, curiosamente, algumas das concepções filosóficas que Papini revela neste livro vão de encontro ao pensamento de Pessoa. Exemplo disto é a reflexão que o escritor italiano faz sobre o mundo real e o mundo sonhado/imaginário; a sua conclusão de que o seu mal terrível, e também o de tantos outros, é o pensamento, a relexão; algumas das suas concepções sobre a Vida; e ainda, o binómio do querer/fazer explorado pelo autor.
Aqui deixo uma passagem que considero reveladora e arrebatadora: «Homens, perdemos a vida pela morte, consumimos o real pelo imaginário, damos valor aos dias unicamente porque nos conduzem a dias que não terão outro valor senão o de nos levarem a outros dias semelhantes a eles... Homens, toda a nossa vida é um engano atroz, que nós mesmos tecemos em nosso próprio dano, e só os demónios podem rir friamente desta nossa corrida para o espelho que foge». Esta é uma passagem onde o autor defende que vivemos apenas para o futuro.
Por tudo o que já referi, sou de opinião de que este livro deve ser lido, reflectido, pensado. Com ele aprendi que a Vida pode ter para cada um diversos sentidos, mas independentemente do sentido ou filosofia de vida que escolhemos, vivemos para o futuro, «o espelho que foge», vivemos com a esperança de concretizar os nossos sonhos, e finalmente, vivemos para receber...a morte.

Anónimo disse...

O "Amor de Perdição", de Camilo Castelo Branco reflecte em grande parte a vida atribulada do autor, os temas dos seus livros e as personagens empregues nestes, pois Camilo escreveu esta obra enquanto se encontrava preso devida a querer viver o seu amor proibido.
Este livro é uma história de amor intenso e as suas dificuldades em vivê-lo. Todas as personagens do livro têm um papel forte e marcante, sendo Simão e Terasa as personagens principais. Ao tentarem viver o seu amor proibido são confrontados com inúmeros obstaculos, o maior deles é a sua própria familia, visto estas serem rivais.
Uma história verdadeiramente apaixonante, um amor como não há igual.

Carlos Gonçalves; Cláudia Franco; Daniela Félix; Daniela Duarte e Sara Correia.

Anónimo disse...

Aos autores das CRÍTICAS

Fiz as correcções ao publicar na página principal. Não eram graves.

Publiquei tudo o que estava em comentários, à excepção do Amor de Perdição visto por Carlos Gonçalves and friends, por manifesta insufuciência, erros de escrita e falta de espessura do texto.
Toca A Melhorar!