Aqui o mar acaba e a terra principia
- Roteiro*| Lisboa no romance
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS[1]
de José Saramago - |
“Aqui o mar
acaba e a terra principia. Chove sobre a cidade pálida, as águas do rio
correm turvas de barra, há cheia nas lezírias. Um barco escuro sobre o fluxo
soturno, é o Highland Brigade que vem atracar aos cais de Alcântara” (p.3).
2. Cais do Sodré
“Não sei o
senhor doutor já reparou que há cheia no Cais do Sodré, os homens são assim,
têm um dilúvio ao pé da porta e não dão por ele […] o certo certo foi ter
chovido tanto que está o Cais do Sodré alagado.” (p. 33).
“Aqui, não é
sequer a Lisboa toda, muito menos o país, sabemos nós lá o que se passa no
país, Aqui é só estas trintas ruas entre o Cais do Sodré e S. Pedro de
Alcântara, entre o Rossio e o Calhariz” (p. 95).
3. Hotel Bragança
“O motorista olhou pelo retrovisor, julgou que o passageiro não ouvira, já
abria a boca para repetir, Para onde, mas a resposta chegou primeiro, ainda
irresoluta, suspensiva, Para um hotel, Qual, Não sei […] Um que fique perto do
rio, cá para baixo, Perto do rio só se for o Bragança, ao princípio da Rua do Alecrim, não sei se conhece” (p.
7).
O edifício do antigo Hotel Bragança, na
Rua do Alecrim, nº 12, junto ao Cais do Sodré, é um marco da história da
cidade, pois foi o hotel preferido do poeta Fernando Pessoa onde, hospedado no
quarto 201, escreveu parte das suas obras.
Não deve ser confundido com o Hotel Bragança
(ou Braganza), citado em Os Maias de Eça de Queirós, situado na Rua
Vítor Cordon (antiga rua do Ferragial), número 45, que lhe fica próximo.
4. Estátua de Eça de Queirós, Largo Barão de
Quintela/Rua do Alecrim
“Enquanto se
vai subindo a Rua de Alecrim pelas calhas dos elétricos ainda correm
regueirinhos de água […] Ricardo Reis pára diante da estátua de Eça de Queirós
ou Queiroz, por cabal respeito da ortografia que o dono do nome usou […] Sobre
a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia, parece clara a sentença”
(p.35).
5. Largo da Misericórdia e Jardim de S. Pedro de
Alcântara – “Eis o antigo Largo de S. Roque,
e a igreja do mesmo santo. […] agora só a chuva se ouve, está também por aí a
tanger uma guitarra, onde seja não o sabe Ricardo Reis, que se abrigou neste
portal, ao princípio da Travessa da Água
da Flor […] Ricardo Reis atravessa o Jardim, vai a olhar a cidade, o
castelo com as suas muralhas derrubadas, o casario a cair pelas encostas. […]
parece Lisboa que é feita de algodão” (pp. 36-37).
E-mail: info@museu-saoroque.com
6. Bairro Alto e Largo de Camões – “Este bairro é castiço, alto de nome e
situação, baixo de costumes” (p. 36).
“Ricardo Reis atravessou o Bairro Alto descendo pela
Rua do Norte chegou ao Camões, era como se estivesse dentro de um
labirinto que o conduzisse sempre ao mesmo lugar, a este bronze afidalgado e
espadachim”; “Todos os caminhos vão dar a Camões” (p. 41).
“Seguiu o
caminho das estátuas, Eça de Queirós, o Chiado, D'Artagnan, o pobre Adamastor
visto de costas”.
Telf. 210 027 000 (dias úteis, das
9h00 às 18h00).
7. Adamastor, Alto de Santa Catarina “este grande
bloco de pedra, toscamente desbastado, que visto assim parece um mero
afloramento de rocha, e afinal é monumento, o furioso Adamastor, se neste sítio
o instalaram não deve ser longe o cabo da Boa Esperança. Lá em baixo, no rio,
vogam fragatas” (p.114); “sentado ao sol, sob o vulto protetor de Adamastor, já
se viu que Luís de Camões exagerou muito, este rosto carregado, a barba
esquálida, os olhos encovados, a postura nem medida nem má, é puro sofrimento
amoroso o que atormenta o estupendo gigante” (p. 167); “o Adamastor não se
voltou para ver” (p.269).
8. Chiado – “Ricardo Reis
desceu o Chiado e a Rua do Carmo,
como ele muita outra gente descia, grupos, famílias, ainda que o mais fossem
homens solitários a quem ninguém espera em casa” (p. 45).
“na manhã de
quarta-feira que vêm trazer uma contrafé a Ricardo Reis. Levou-lha o próprio
Salvador, em mão de gerente, dada a importância do documento e a sua proveniência,
a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado”; “no dia dois de
Março lá estarei, às dez horas da manhã, Rua António Maria Cardoso, fica aqui
muito perto, primeiro sobe a Rua do Alecrim até à
esquina da igreja, depois vira à direita, ainda outra vez à direita, adiante há
um cinema, o Chiado Terrasse, do outro lado da rua está o Teatro de S. Luís”
(ll. 107-108).
“Já todo o
pessoal do hotel sabe que […] foi chamado à polícia, alguma ele teria feito por
lá, ou por cá, quem não queria estar na pele dele bem eu sei, ir à PVDE, vamos
a ver se o deixam sair, contudo, se fosse caso de prisão não lhe tinham mandado
a contrafé, apareciam aí e levavam-no.” (p. 108).
Teatro S.
Carlos| Visitas
guiadas: visitas@ saocarlos.pt| Ateliers educativos: atl@saocarlos.pt|
Telefone [Geral] (+351) 213 253 000.
São
Luiz Teatro Municipal
Rua António Maria Cardoso, 38
Tel. (+351) 213 257 640
Bilheteira|Tel. (+351) 213 257 650
E-mail bilheteira@teatrosaoluiz.pt
Museu
do Chiado/Museu
Nacional de Arte Contemporânea |3ªf.- domingo, 10h00-18h00
E-mail: ritasamarques@mnac.dgpc.pt |
Site: http://www.museuartecontemporanea.pt/pt
9. Baixa – “Desce
o Chiado para ir comprar o seu bilhete ao Teatro
Nacional”. […] “Irmãos Unidos, assim o restaurante se chamava […] Da mesa […] vê passarem lá fora os carros elétricos,
ouve-os ranger nas curvas, o tilintar das campainhas soando liquidamente na
atmosfera coada de chuva, como os sinos duma catedral submersa ou as cordas de
um cravo ecoando infinitamente entre as paredes de um poço.” […] “Agora, sai
[…] pela porta da Rua dos Correeiros, esta que dá para a grande Babilónia de
ferro e vidro que é a Praça da Figueira
[…] Ricardo Reis rodeou a Praça pelo sul, entrou na Rua dos Douradores […] É para o Hotel que Ricardo Reis vai
encaminhando os passos […] O vento soprava com força, encanado, na Rua do Arsenal” (pp. 33-35).
T.: 213 250 828; F.: 213 250 938
2.ª a 6.ª, 9h-13h;14h-17h00.
10. Terreiro do Paço – “Da Rua do Comércio,
onde está, ao Terreiro do Paço
distam poucos metros […] mas Ricardo Reis não se aventurará à travessia da
praça, fica a olhar de longe” (17); “Fernando Pessoa sorri e dá as boas-tardes,
respondeu Ricardo Reis da mesma maneira, e ambos seguem na direção do Terreiro
do Paço” (p. 56).
“Ricardo Reis desceu ao Chiado, a Rua Nova do Almada, queria ver os
barcos de perto, da beirinha do cais, e quando atravessava o Terreiro do Paço lembrou-se
de que em todos estes meses nunca fora ao Martinho
da Arcada” (p. 263); “não chove, apetece andar, agora sim, desce toda a Rua Augusta, já é tempo de
atravessar o Terreiro do Paço, pisar aqueles degraus do cais até onde a água nocturna
e suja se abre em espuma” (p. 70).
Café Martinho da Arcada
Telef:(+351)
218 879 259
Fax: (+351) 218
867 757
Email: reservas@martinhodaarcada.pt
Localizado no
Terreiro do Paço, o Café Martinho da Arcada inicia-se em 1778 numa modesta loja
de bebidas. Contudo, a inauguração oficial é 7 de janeiro de 1782.
* Roteiro da responsabilidade do Conselho de Docentes do 12º ano/2017-18 da ESHN (excerto).
[1] Edição
Utilizada: Saramago, José. O Ano da Morte
de Ricardo Reis, Ed. Caminho, col. O Campo da Palavra, Lisboa
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