Análise do poema “A criança que fui chora na estrada”
O tema do poema baseia-se na infância, a nostalgia do bem perdido que provoca angústia existencial no poeta. Nos
versos 1 e 2 existe uma oposição temporal entre o pretérito perfeito e o
presente: “A criança que fui (…)”/”(…)quando vim ser quem sou”. Nestes
versos entende-se que a infância ainda não desapareceu por completo,
apenas está submersa na pessoa que é agora, à espera de ser recuperada.
Nos versos 3 e 4 o poeta
sente-se descontente por não ser mais do que é, deseja regressar ao
tempo em que foi feliz e voltar a ser criança que não pensa, só sente
(tempo de inconsciência).
Na segunda quadra está presente uma
interrogação retórica: “ Ah, como hei de encontrá-lo?” que reforça a
ideia da vontade de encontrar a infância perdida, mas a resposta é dada
logo a seguir, não é possível encontrá-la pois falhou o regresso. Está
ainda presente um pleonasmo: ”errou a vinda=regressão errada” que
reforça a ideia frustrada de voltar à infância perdida através da
repetição do mesmo significado com diferentes significantes. Nesta
quadra o poeta refere que se sente perdido, não sabe de onde veio nem onde está;
está estagnado, já só existe dúvida, não podendo assim progredir nem
sentir.
Nas duas últimas estrofes o poeta expressa o seu quer: caso seja possível,
relembrar o que esqueceu, observando o passado, sem sair do presente.
Assim verá ao longe quem foi, podendo encontrar na sua imagem presente
uma parte da imagem do passado, onde poderá perceber quem é agora e
reencontrar-se. Nestas estrofes existe uma metáfora - “longe” - que
significa as memórias e as recordações e ainda uma repetição - ”pelo
menos” - que intensifica a ideia de um mínimo que foi estabelecido como
objetivo.
No poema, o sujeito poético sente que deixou de ser criança
para se tornar adulto, e agora quer
regressar ao passado para ir buscar a criança que abandonou, mas tal não
é possível, pois ninguém o consegue fazer. Ao longo de todo o poema
existe uma oposição temporal, sendo como um jogo/ uma interligação
entre o pretérito perfeito, o presente e o futuro aproximando estes
tempos, intensificando mais a ideia da indefiniçãoquanto ao
tempo.
Catarina Francisco e Rafael Santos 12ºC
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