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26 outubro 2017
"A última nau" (exame)
Consulta os tópicos de resposta previstos pelo IAVE. Repara nos níveis de exigência: supõe-se que há sempre algum desenvolvimento/texto pessoal, para estas questões.
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Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,
E erguendo, como um nome, alto o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago
Erma, e entre choros de ânsia e de pressago
Mistério.
Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Voltará da sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro
E breve.
Ah, quanto mais ao povo a alma falta,
Mais a minha alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou ’spaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço
Que torna.
Não sei a hora, mas sei que há a hora,
Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério.
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império.
Fernando Pessoa, Mensagem, 19.ª ed., Lisboa, Ática, 1997
aziago (verso 4) – que prenuncia desgraça.
cerração (verso 17) – nevoeiro denso; escuridão.
erma (verso 5) – solitária.
pendão (verso 2) – bandeira longa e triangular.
pressago (verso 5) – que pressagia, prevê ou pressente.
Questionário
Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.1. Explicite três dos aspectos que, nos versos de 1 a 12, se referem ao mito sebastianista, fundamentando a sua resposta com elementos do texto.
2. Caracterize, com base na terceira estrofe do poema, o modo como o sujeito poético e o povo português reagem ao desaparecimento da «última nau».
3. Relacione o conteúdo da última estrofe com a pergunta «Voltará da sorte incerta / Que teve?», formulada nos versos 8 e 9.
4. Identifique, no poema, uma característica do discurso épico e uma característica do discurso lírico de Mensagem, citando um exemplo significativo para cada um dos casos.
1. Cenário de resposta
A resposta pode contemplar três dos tópicos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes.
Nos versos de 1 a 12, os aspectos que se referem ao mito sebastianista são os seguintes:
– o desaparecimento misterioso da «última nau» e de D. Sebastião – «Levando a bordo El-Rei D. Sebastião» (v. 1); «Foi-se a última nau» (v. 4); «Mistério.» (v. 6); «Não voltou mais.» (v. 7);
– a associação do desaparecimento da «última nau» e de D. Sebastião ao fim do Império
português – «Levando a bordo El-Rei D. Sebastião, / E erguendo, como um nome, alto o pendão / Do Império, / Foi-se a última nau» (vv. 1 a 4); «Não voltou mais.» (v. 7);
– o pressentimento de desgraça associado à partida da nau – «Foi-se a última nau, ao sol aziago / Erma, e entre choros de ânsia e de pressago / Mistério.» (vv. 4 a 6);
– as incertezas quanto ao destino de D. Sebastião – «A que ilha indescoberta / Aportou?» (vv. 7 e 8);
– as expectativas quanto ao regresso de D. Sebastião – «Voltará da sorte incerta / Que teve? / Deus guarda o corpo e a forma do futuro, / Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro / E breve.» (vv. 8 a 12).
2. Cenário de resposta
A resposta pode contemplar os tópicos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes.
De acordo com o conteúdo da terceira estrofe do poema:
– o povo português, perante o desaparecimento da «última nau», na qual seguia D. Sebastião, reage com desânimo (v. 13);
– o sujeito poético manifesta uma viva crença no regresso de D. Sebastião e no Império que ele simboliza (vv. 14 a 18).
3. Cenário de resposta
A resposta pode contemplar os tópicos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes.Na última estrofe, o sujeito poético responde afirmativamente à pergunta enunciada nos versos 8 e 9, apresentando:
– o regresso de D. Sebastião e do Império que ele simboliza como uma certeza obtida por intuição – «sei que há a hora» (v. 19); «Surges ao sol em mim» (v. 22); «trazes o pendão ainda / Do Império.» (vv. 23 e 24);
– o momento exacto em que esse acontecimento terá lugar como uma incerteza – «Não sei a hora» (v. 19); «Demore-a Deus» (v. 20); «Mistério.» (v. 21).
4. Cenário de resposta
A resposta pode contemplar os tópicos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes.- Características do discurso épico:
– importância conferida à História – «Levando a bordo El-Rei D. Sebastião» (v. 1);
– mitificação de um herói – «Deus guarda o corpo e a forma do futuro, / Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro / E breve.» (vv. 10 a 12).
- Características do discurso lírico:
– aproximação entre o sujeito e o destino nacional, patente na convicção intuitiva de que o mito será concretizado (vv. 16 a 18; vv. 22 a 24).
NOTA: Parece pouco, mas, atenção aos critérios de correção/cotações (exemplo):
2. ............................................................................................................................. 15 pontos
Critérios específicos de classificação
• Aspectos de conteúdo (C) .................................................................................. 9 pontos
Níveis Descritores do nível de desempenho no domínio específico da disciplina
nível 4
Caracteriza,
adequadamente, o modo como o sujeito poético e o povo português
reagem ao desaparecimento da «última nau», fazendo referências
pertinentes à terceira estrofe do poema.
9 pontos
nível 3
Caracteriza,
adequadamente, o modo como o sujeito poético e o povo português
reagem ao desaparecimento da «última nau», fazendo referências não
totalmente pertinentes à terceira estrofe do poema.
OU
Caracteriza,
com pequenas imprecisões, o modo como o sujeito poético e o
povo português reagem ao desaparecimento da «última nau», fazendo
referências pertinentes à terceira estrofe do poema.
OU
Caracteriza,
de forma não totalmente completa, o modo como o sujeito poético e o
povo português reagem ao desaparecimento da «última nau», fazendo
referências pertinentes à terceira estrofe do poema.
7 pontos
nível 2
Caracteriza,
adequadamente, o modo como o sujeito poético e o povo português
reagem ao desaparecimento da «última nau», sem fazer referências à
terceira estrofe do poema.
OU
Caracteriza, com pequenas imprecisões, o modo como o sujeito poético e o povo
português reagem ao desaparecimento da «última nau», fazendo referências não totalmente pertinentes à terceira estrofe do poema.
OU
Caracteriza,
de forma não totalmente completa, o modo como o sujeito poético e
o povo português reagem ao desaparecimento da «última nau», fazendo
referências não totalmente pertinentes à terceira estrofe do poema.
5 pontos
nível 1
Caracteriza,
de forma incompleta, o modo como o sujeito poético e o povo
português reagem ao desaparecimento da «última nau», sem fazer
referências à terceira estrofe do poema.
OU
Caracteriza,
com imprecisões, o modo como o sujeito poético e o povo português
reagem ao desaparecimento da «última nau», sem fazer referências à
terceira estrofe do poema.
3 pontosPara qualquer dúvida, não hesitem!
25 outubro 2017
Grandes Portugueses - Fernando Pessoa
Uma viagem pela vida de um génio, conduzida por Clara Ferreira Alves, jornalista e escritora que durante
quatro anos dirigiu a CASA FERNANDO PESSOA, onde refundou a revista Tabacaria, de que foi diretora.
O seu Pessoa favorito é Álvaro de Campos
24 outubro 2017
Fernando Pessoa - Documentário
Documentário da série Grandes Portugueses. Aproveitem para a tomada de notas e para síntese.
Clara
Ferreira Alves conduz esta viagem; é jornalista, cronista, escritora e
foi diretora da CASA FERNANDO PESSOA durante cerca de 4 anos. A sua
preferência vai para ...Álvaro de Campos. Os especialistas pessoanos são
gente com um grande convívio com os seus textos, mas muito diversa nos gostos e
preferências da obra de Fernando Pessoa; eis alguns: Teresa Rita Lopes| Fernando Cabral Martins| Richard Zenith| Eduardo Lourenço|Arnaldo Saraiva|Ivo de Castro
LER+ sobre Todas as faces de PessoaF. Pessoa, Mensagem - teste de conhecimentos
Aprender com os outros: para os que já concluíram o teste formativo, fica a primeira parte do exercício da Turma B, para testarem os vossos conhecimentos e capacidade de análise.
O Infante
Deus quer, o homem sonha, a obra
nasce.
Deus quis que a terra fosse toda
uma,
Que o mar unisse, já não
separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a
espuma.
E a orla branca foi de ilha em
continente,
Clareou, correndo, até ao fim do
mundo,
E viu-se a terra inteira, de
repente,
Surgir, redonda, do azul
profundo.
Quem te sagrou criou-te
português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se
desfez.
Senhor, falta cumprir-se
Portugal!
Mensagem.
Fernando Pessoa. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934
(Lisboa: Ática, 10ª ed. 1972). - 57.
1. Clarifique o conteúdo do primeiro verso,
integrando-o na parte respetiva e no sentido global de Mensagem.
2.
Esclareça a referência ao Infante e à sua
missão, enquanto intérprete de um destino coletivo. Apoie a resposta com dois
exemplos do poema.
3.
Comprove que a segunda estrofe assenta no
movimento e no visualismo.
4.
Interprete o sentido dos dois últimos versos,
apoiado no seu conhecimento da obra.
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20 outubro 2017
Mensagem e Ler+
Estão no dia 17/10, para deixar a síntese da matéria à cabeça...
2. Já está disponível no asas-da-fantasia o guião para o
PROJETO DE LEITURA
2. Já está disponível no asas-da-fantasia o guião para o
PROJETO DE LEITURA
17 outubro 2017
Fernando Pessoa, Mensagem - a conquista das almas
Como prometido, segue a síntese sobre MENSAGEM. Encurtei o documento original, para permitir abordagem no 12ºB... cujo horizonte temporal é mais breve .
N.S.|PORTUGÊS|12º|2016-2017
Mensagem - Ulisses, O Mostrengo, V Império
Segue um trabalho do 12ºB que inclui "Ulisses". Os colegas ficaram de reconfigurar o PPT, mas para não atrasar a reflexão no 12ºA, fica já publicado. A massa de texto é demasiado densa, mas a informação é abundante e útil.
Fernando Pessoa, Mensagem, Viriato
Atenção: neste trabalho, devido ao elevado número de diapositivos, foi feita uma seleção para publicação.
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