Para ajudar os alunos que queriam perceber melhor como identificar as marcas linguísticas associadas a cada ato ilocutório, cá vai um exercíco (agora com um quadro e tudo...).
Após a realização, confirmar na gramática ou, comigo, em aula.
Após a realização, confirmar na gramática ou, comigo, em aula.
Atos ilocutórios
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Um
ato ilocutório é um ato discursivo integrado num determinado contexto
comunicacional.
Os objetivos, os intervenientes e
os contextos comunicacionais são variáveis, o que justifica existência de
diferentes atos ilocutórios. O locutor,
o interlocutor, o espaço,
o tempo e o universo
de referência condicionam a natureza dos atos de
fala.
Os atos ilocutórios podem ser diretos ou indiretos. No primeiro caso, o locutor demonstra a intenção de levar o interlocutor a agir. No segundo, o locutor procura formas menos evidentes de tentar fazer com que o seu interlocutor realize uma ação, ou seja, o objetivo a atingir não se prende com o significado literal e imediato da frase. É o que sucede, por exemplo, no caso das perguntas realizadas com intuitos diretivos - «Não acha que está aqui muito frio?» (em vez de - «Feche a janela!»). |
1.
Estabelece as correspondências corretas entre os atos ilocutórios, as
suas marcas linguísticas e os exemplos.
Atos ilocutórios
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Marcas linguísticas
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Exemplos
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1. Assertivos
O locutor encontra-se
implicado na verdade do
enunciado, podendo este
ser submetido ao teste do verdadeiro ou falso.
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A. – Tempo verbal do futuro
do indicativo ou de valor equivalente;
– Verbos compromissivos
como com-prometer-se, garantir, jurar, prometer, etc.;
– Expressões que
manifestem o comprometimento do locutor.
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a.
Amaro abrira abruptamente
a porta do escritório, fechou-a de repelão, e sem mesmo dar os bons-dias ao
colega, exclamou:
– A rapariga está grávida!
Eça
de Queirós, O Crime do Padre Amaro
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2. Diretivos
O locutor pretende fazer
com que o interlocutor
pratique uma determinada
ação.
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B. – Verbos declarativos
como concluir, declarar, dizer, afirmar, etc.;
– Verbos de atividade
mental como achar, considerar, acreditar, admitir, entender;
– Expressões modalizadas
como considerar necessário, possível, certo, ridículo,
etc.
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b.
– Olha que espiga! – ponderou o
cónego atordoado.
Eça
de Queirós, O Crime do Padre Amaro
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3. Expressivos
Expressam sentimentos
ou emoções do locutor
relativa mente ao estado
de coisas a que se refere o enunciado.
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C. – Verbo declarativo declarar.
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c.
Nunca te metas nestas
coisas,
Manuel! Haja o que
houver, nunca te
metas com eles.
Luís de Sttau Monteiro, Felizmente há luar!
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4. Compromissivos
O locutor compromete-se a
realizar uma ação futura.
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D. – Frases imperativas ou
seus substitutos quer no conjuntivo quer no indicativo;
– Verbos diretivos como exigir, implorar, mandar, ordenar, proibir…
– Frases interrogativas simples;
– Frases complexas cujo verbo superior é um verbo de inquirição do
tipo perguntar, inquirir, interrogar, investigar;
– Frases
interrogativas contendo uma negativa com valor positivo.
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d.
Eu, cavaleiro de primeiro
grau,
declaro por minha honra
que tomei
parte com animus conspirandi em
reuniões de charuto e
mascarilha com vista à transformação da ordem do reino.
José
Cardoso Pires, A República dos Corvos
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5. Declarativos
Expressam verbalmente a
realidade por eles
próprios
criada, relacionando
o locutor com o valor de
verdade do enunciado.
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E. – Verbos expressivos como
agradecer,
congratular-se, deplorar,
lamentar,
repudiar, etc.;
– Verbos modalizados por
advérbios como
achar bem ou achar mal,
etc.;
– Expressões exclamativas.
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e.
Prometo, pela minha
palavra real,
que farei construir um
convento de
franciscanos na vila de
Mafra.
José
Saramago, Memorial do Convento
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Exercício elaborado com base em
MATEUS, Maria Helena Mira, et alii, 2003.
Gramática da
Língua Portuguesa. Lisboa: Caminho (6.a edição)
1 comentário:
Exemplo:
5. - C - d.
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