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04 junho 2012

Revisões

Para ajudar os alunos que queriam perceber melhor como identificar as marcas linguísticas associadas a cada ato ilocutório, cá vai um exercíco (agora com um quadro e tudo...).

Após a realização, confirmar na gramática ou, comigo, em aula.

Atos ilocutórios
Um ato ilocutório é um ato discursivo integrado num determinado contexto comunicacional.
Os objetivos, os intervenientes e os contextos comunicacionais são variáveis, o que justifica existência de diferentes atos ilocutórios. O locutor, o interlocutor, o espaço, o tempo e o universo de referência condicionam a natureza dos atos de fala.

Os atos ilocutórios podem ser diretos ou indiretos. No primeiro caso, o locutor demonstra a intenção de levar o interlocutor a agir. No segundo, o locutor procura formas menos evidentes de tentar fazer com que o seu interlocutor realize uma ação, ou seja, o objetivo a atingir não se prende com o significado literal e imediato da frase.
É o que sucede, por exemplo, no caso das perguntas realizadas com intuitos diretivos - «Não acha que está aqui muito frio?» (em vez de - «Feche a janela!»).

1.    Estabelece as correspondências corretas entre os atos ilocutórios, as suas marcas linguísticas e os exemplos.

Atos ilocutórios
Marcas linguísticas
Exemplos
1. Assertivos
O locutor encontra-se
implicado na verdade do
enunciado, podendo este
ser submetido ao teste do verdadeiro ou falso.
A. – Tempo verbal do futuro do indicativo ou de valor equivalente;
– Verbos compromissivos como com-prometer-se, garantir, jurar, prometer, etc.;
– Expressões que manifestem o comprometimento do locutor.
a.
Amaro abrira abruptamente a porta do escritório, fechou-a de repelão, e sem mesmo dar os bons-dias ao colega, exclamou:
– A rapariga está grávida!
Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro
2. Diretivos
O locutor pretende fazer
com que o interlocutor
pratique uma determinada ação.
B. – Verbos declarativos como concluir, declarar, dizer, afirmar, etc.;
– Verbos de atividade mental como achar, considerar, acreditar, admitir, entender;
– Expressões modalizadas como considerar necessário, possível, certo, ridículo, etc.
b.
– Olha que espiga! – ponderou o
cónego atordoado.
Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro
3. Expressivos
Expressam sentimentos
ou emoções do locutor
relativa mente ao estado
de coisas a que se refere o enunciado.
C. – Verbo declarativo declarar.
c.
Nunca te metas nestas coisas,
Manuel! Haja o que houver, nunca te
metas com eles.
Luís de Sttau Monteiro, Felizmente há luar!
4. Compromissivos
O locutor compromete-se a realizar uma ação futura.
D. – Frases imperativas ou seus substitutos quer no conjuntivo quer no indicativo;
– Verbos diretivos como exigir, implorar, mandar, ordenar, proibir…
– Frases interrogativas simples;
– Frases complexas cujo verbo superior é um verbo de inquirição do tipo perguntar, inquirir, interrogar, investigar;
– Frases interrogativas contendo uma negativa com valor positivo.
d.
Eu, cavaleiro de primeiro grau,
declaro por minha honra que tomei
parte com animus conspirandi em
reuniões de charuto e mascarilha com vista à transformação da ordem do reino.
José Cardoso Pires, A República dos Corvos
5. Declarativos
Expressam verbalmente a
realidade por eles próprios
criada, relacionando
o locutor com o valor de verdade do enunciado.
E. – Verbos expressivos como agradecer,
congratular-se, deplorar, lamentar,
repudiar, etc.;
– Verbos modalizados por advérbios como
achar bem ou achar mal, etc.;
– Expressões exclamativas.
e.
Prometo, pela minha palavra real,
que farei construir um convento de
franciscanos na vila de Mafra.
José Saramago, Memorial do Convento

 Exercício elaborado com base em MATEUS, Maria Helena Mira, et alii, 2003.

Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa: Caminho (6.a edição)

1 comentário:

Noémia Santos disse...

Exemplo:

5. - C - d.