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10 janeiro 2013

Três poemas de Fernando Pessoa

Deixo três poemas. Sugiro que leiam com muita atenção, pensem sobre as palavras - porque as palavras são pensamentos, afinal - e relacionem com o que vamos lendo e fazendo em aula.


O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...

São as formas sem forma
Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.

São como se a tristeza
Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"








 Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.

Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.

Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"








 Dizem?
Esquecem.
Não dizem?
Disseram.

Fazem?
Fatal.
Não fazem?
Igual.

Por quê
Esperar?
Tudo é
Sonhar.


Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

3 comentários:

Inês Pereira disse...

Análise do poema “Tudo o que faço ou medito”

Na 1ª estrofe, Fernando Pessoa apresenta a oposição entre o querer e o fazer. O sujeito poético fala-nos dos seus sonhos e desejos. Mas o sujeito poético diz-nos que “Tudo o que faço ou medito/Fica sempre na metade – ou seja aqui verifica-se esta oposição entre o querer e o fazer, pois dos seus projetos nada se realiza por inteiro devido à realidade nunca se encontrar com o que o poeta idealiza “Querendo, quero fazer o infinito/Fazendo, nada é verdade.”
Enquanto observador de si próprio o sujeito poético sente-se completamente desesperado, pois nunca consegue realizar na totalidade os seus projetos o que lhe causa um sentimento de incapacidade e inutilidade.
O poeta demonstra todo esse sentimento no verso “Que nojo de mim me fica/Ao olhar para o que faço!”, ou seja, ele sente que tem uma vasta imaginação, uma quantidade infinita de ideias e pensamentos, mas ele próprio e a sua vida “Minha alma é lúcida e rica/E eu sou um mar sargaço” é um mar de sargaço, portanto, um mar de algas espessas que não o deixa alcançar os objetivos.
Por fim, na última estrofe, o poeta refere-se ao mar como o local onde tudo o que imagina se pode tornar realidade, mas como sabe que será impossível realizar todos os seus projetos entrega ao futuro a resposta para toda esta angústia.

Inês Pereira, nº11, 12º B

Anónimo disse...

Inês, obrigada pelo teu contributo.
Eu publiquei-o, com pequenas emendas.

Lê as observações.

Noémia S.

Noémia Santos disse...

Inês

Esqueci-me de te alertar para a falta da fonte. Detetei passagens que quase repetem/reproduzem informações retiradas da net. Tens de indicar a fonte, sempre, mesmo se "adaptas".

Ex: "Pessoa deixa ao futuro a resposta para a sua angústia presente", in http://www.umfernandopessoa.com/an%C3%A1lises/poema-tudo-o-que-eu-faco.htm