12 fevereiro 2015

Ao vibrante toque do telemóvel...


Ao vibrante toque do telemóvel às três da manhã
Tenho raiva e resmungo.
Resmungo, pegando no dito objeto, fera para o incómodo disto,
Para o incómodo disto, totalmente desconhecido dos antigos.

Ó mensagens, ó redes sociais, bip-bip-bip incessante!
Tenho os olhos encandeados, ó luz de alerta moderna,
De ter ver no escuro e tão perto,
E dói-me a cabeça por este sonho interrompido!

Olhando o ecrã brilhante como a um mundo novo,
Apercebo-me da inexistência das não mais necessárias teclas.
Escrevo, e escrevo o presente, o passado e o futuro.
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Newton e Hemingway dentro dos telemóveis e tablets
Só porque uma vez existiram Hemingway e Newton,
E pedaços de Alexander Bell do século dezanove,
Átomos que hão de ir ter febre para o cérebro de Jobs do século ciquenta.

Ah, poder exprimir-me todo com um só emoji!
Ser completo como um smartphone!
Poder ir na vida triunfante como o novo iPhone!




Ana Marta Martins
Diana Batalha
Teresa Viola
12ºC
09 fevereiro, 2015

1 comentário:

  1. "Pastiche" da Ode Triunfal

    Trabalho realizado por:
    Beatriz Santos
    João Pedro Marcelino
    Maria Margarida de Azevedo
    Ricardo de Oliveira


    À intolerável música comercial
    Tenho naúseas e escrevo
    Escrevo com facepalm
    Para a sorte dos antigos desconhecerem isto.

    Ó carros, camiões, vrum eterno
    Forte ronco dos motores e condutores
    Fico em fúria , fora e dentro de mim
    Os meus pulmões, queimados pelo fumo
    As minhas narinas, intoxicadas, pelo cheiro
    De vos inalar, é fumo maldoso
    Em excesso, matando-me aos poucos.

    Envenenado, vou olhando para a Natureza urbana
    Grandes florestas de metal, plástico e vidro
    Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro
    Porque o presente é todo o passado e o futuro
    E há Newton e Einstein dentro das máquinas
    Só porque houve Newton e Einstein como humanos
    E pedaços de Edison luminosos em todo o lado
    Átomos de Bohrs constantemente reinventados
    Andam por estas rodas, cascos e asas
    Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando
    Fazendo-me uma morte lenta do corpo num rasgar de alma.

    Ah, poder exprimir-me como um motor se exprime
    Ser completo como uma máquina
    Poder ir na vida triunfante como um vaivém espacial.

    ResponderEliminar